Com a pandemia da Covid-19, a sociedade teve que se reinventar. O home office, por exemplo, foi uma das modalidades mais adotadas por muitas empresas. Mesmo sendo uma medida eficaz no combate ao novo coronavírus, esse sistema de trabalho requer cuidados, sobretudo com os olhos.
De acordo com o médico oftalmologista Dr. Frederico Faiçal, o fato de ficarmos muito tempo conectados e paralisados em telas, como computador, celular, tablet e televisão, ocorre uma sobrecarga na visão. As queixas mais comuns relacionam-se com o olho seco, devido à redução do piscar associado a ambientes mais ressecados por ar-condicionado ou ventiladores. Além disso, o uso excessivo de tecnologias ainda pode ter relação com o aumento dos casos de miopia (dificuldade de enxergar de longe). Estima-se que, até 2050, mais da metade da população mundial tenha o problema, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“As pessoas tiveram que se adequar a este novo formato de trabalho. Então, temos ao longo do dia videoconferências, conversas ao telefone via aplicativo de mensagens, assistimos aos noticiários para sabermos as atualizações sobre a pandemia, ligamos o ventilador ou ar-condicionado para tornar o ambiente mais agradável para trabalhar, negligenciamos a ingestão de líquido, dentre outras ações que, juntas, provocam a exaustão ocular e consequentemente o ressecamento dos olhos”, detalha o oftalmologista, afirmando que os principais sintomas são vermelhidão, coceira, lacrimejamento e ardência.
Por isso, a principal dica do especialista é que o indivíduo faça descansos visuais, fazendo pausas de cinco a dez minutos a cada uma hora. Outra sugestão é, a cada 20 minutos, retirar os olhos da tela e focar em objetos mais distantes por 20 segundos. Outras alternativas são tentar estabelecer um distanciamento de 30 centímetros da tela, adaptar o contraste dos equipamentos eletrônicos, ter cuidado com a luminosidade do ambiente sem forçar os olhos no escuro e ingerir líquidos com frequência.
“Ter uma noite de sono de, pelo menos, oito horas é fundamental para haver a lubrificação ocular. Além disso, não podemos esquecer que o uso de colírios só deve ocorrer sob prescrição médica e que, para cada idade, existe uma recomendação específica. Havendo qualquer sintoma persistente, o ideal é procurar um oftalmologista de imediato”, reforça Frederico Faiçal.
Olhos e Covid-19
Os olhos também podem ser uma porta de entrada para o novo coronavírus. Como a transmissão se dá de forma viral, pelo contato, é importante se atentar a tudo que pode conter gotículas de saliva, transmitidas pela fala, tosse, beijo ou espirro. Ou ainda, por superfícies contaminadas de objetos, com as mãos, como maçaneta, botão do elevador, corrimão de escada etc. O contágio acontece através dessas gotículas com a nossa mucosa da boca, nariz e também dos olhos.
“Por isso, é preciso ter atenção redobrada sobretudo com itens de uso pessoal, como os óculos. Para quem já está acostumado a limpar as lentes no dia a dia, basta repetir o procedimento com maior frequência. Para quem ainda não tem o hábito, uma dica é lavar os óculos sempre que for lavar as mãos”, revela Frederico Faiçal, explicando que o álcool em gel 70% não é indicado neste caso, pois pode danificar os revestimentos das lentes e material da armação.
O “paninho” que costuma acompanhar os óculos dentro da caixa também é contraindicado na condição atual, já que pode se tornar fonte de contaminação. Água e detergente neutro são os itens recomendados para uma higienização eficaz das lentes dos óculos. Para quem usa lentes de contato, uma orientação do oftalmologista é, se possível, não usá-las neste período. Mas, se houver a real necessidade, a exemplo das pessoas que têm grau muito alto ou doenças como ceratocone, deve-se redobrar os cuidados ao manuseá-las com mãos limpas e guardá-las em um estojo higienizado com produto adequado.
Siga o Caderno de Notícias no Instagram | Facebook | Twitter e YouTube.