O pré-candidato a presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), que está na Bahia cumprindo agenda política, foi entrevistado pelo apresentador Mario Kertész, da Rádio Metrópole, na manhã desta terça-feira (5), onde foi sabatinado sobre diversos assuntos.
Na próxima quinta-feira (7) Boulos deve prestar depoimento a Polícia Federal para falar da invasão dos militantes ao triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Quanto à intimação, Boulos disse ter sido uma manifestação simbólica da PF. “A Polícia Federal, em um gesto, resolveu me intimidar. São ossos do ofício. A gente sabe que vai ter que enfrentar essas resistências”.
O socialista é líder do MTST e a invasão aconteceu em abril deste ano. O apartamento, que fica no Guarujá (litoral de São Paulo), levou à condenação e a prisão de Lula. A ação durou quase quatro horas e terminou após a Polícia Militar dar um prazo para que os militantes deixassem o imóvel.
Sobre a prisão de Lula, Boulos avaliou que a condenação e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são uma “sacanagem”.
Para o socialista, o petista foi punido sem provas. “O que está acontecendo com Lula é uma sacanagem. Ele foi condenado sem provas. O Brasil não viu extratos. O Brasil não viu áudio, mala de dinheiro. No caso de Lula, não tem provas e tem punição. No caso de [do presidente Michel] Temer, sobram provas e não tem punição”, comparou.
Boulos reiterou ser a favor da permissão de candidatura do ex-presidente. “Não é uma questão apenas de quem vota em Lula e no PT. É uma questão de quem está preocupado com a democracia”, frisou.
O socialista também atacou a Câmara dos Deputados e o Senado, ao dizer que o Congresso Nacional é o “mais desmoralizado da história do Brasil”. Para ele, o atual sistema de presidencialismo de coalizão precisa ter um fim, já que “virou um balcão de negócios a céu aberto”. Ele defendeu uma democracia mais participativa, com a realização de referendos e plebiscito.
Contra o porte de armas, Boulos criticou o também presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), integrante da chamada “bancada da bala” no Congresso. O socialista afirmou que o deputado federal se aproveita do “medo” da população brasileira, com o atual cenário de aumento da violência e do desemprego.
“Ele faz a política do medo. As pessoas pensam em alguém que grite mais alto que elas, que bata na mesa… Só que a razão fica em segundo plano. Eu acredito firmemente que o povo brasileiro não necessariamente vai ser levado pelo medo. […] Estamos cansados de tudo isso. Esse cansaço abre o espaço para uma avenida como a do Bolsonaro. Temos que apontar para a avenida do lado esquerdo, que temos que aprofundar a democracia no Brasil”, afirmou.
Na avaliação de Boulos, o Brasil vive a maior “crise democrática” desde o fim da ditadura militar, em 1985. Para ele, o atual sistema político do país não representa a população. “As pessoas não se sentem representadas e deixam de depositar suas expectativas. O Estado brasileiro está sequestrado por interesses oligárquicos. Um por cento que comanda o jogo e as pessoas fazem figuração. Precisamos de um debate real até para afastar esse rumor de ditadura”, analisou.
Ainda em Salvador, o pré-candidato participará, à tarde, de um debate sobre democracia na Universidade Federal da Bahia. Já no período da noite, ele se desloca até a Universidade Estadual de Feira de Santana. Na quarta-feira (6), o socialista irá participar de um evento na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Ainda na quarta, no período da noite, Boulos volta para UFBA para participar de um debate entre os presidenciáveis.
Durante a passagem pelo estado, Boulos também fará visitas a centros religiosos da capital e também vai se encontrar com movimentos populares.