PF apura fraudes e desvios em Jequié; prefeito é afastado pela terceira vez

Cooperativa foi contratada por R$ 29 milhões para intermediar mão de obra inexistente, diz PF

Fraudes a direitos trabalhistas e desvio de verbas públicas, em Jequié, foi alvo da Operação Guilda de Papel, da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta terça-feira (15). Os agentes cumpriram 10 mandados de busca, e seis medidas cautelares diversas, entre elas o afastamento do prefeito de Jequié, Sérgio da Gameleira (PSB), pelo prazo de 60 dias, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Esse é o terceiro afastamento do prefeito: dois por operações policiais e um pela Câmara de Vereadores.

De acordo com a PF, as investigações começaram em 2019, a partir de representações formuladas por vereadores de Jequié, relatando que uma cooperativa (Ativacoop – Cooperativa de Trabalho de Atividades Gerais da Bahia) teria vencido uma licitação para o fornecimento de mão de obra terceirizada para prestação de serviço para diversas secretarias do município de Jequié. Segundo as representações, essa cooperativa, na verdade, seria uma empresa intermediadora de mão de obra e cobrava do município de Jequié valores bastante superiores àqueles que eram pagos para os prestadores de serviço, inclusive verbas fictícias. O bando também cobrava pela prestação de serviços de pessoas que jamais teriam integrado os quadros da cooperativa.

Após a análise pela PF do Pregão Presencial 016/2018, foi constatado que o município de Jequié celebrou com a empresa um contrato no valor de R$ 29 milhões, para o fornecimento de profissionais para todas as secretarias do município. O mesmo pregão previu em seu edital que a licitação seria realizada na modalidade “Lote Único”, em contrariedade ao que preceituam a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União, tendo constatado um manifesto de direcionamento da licitação, de maneira a favorecer a cooperativa que venceu a licitação.

PF dentro da fábrica de biscoitos Gameleira, empresa do prefeito de Jequié. Foto: Reprodução whatsapp.

Ainda durante a apuração dos fatos, os policiais descobriram que não se tratava de uma cooperativa, mas sim de uma empresa intermediadora de mão de obra. Os “cooperados” eram na verdade pessoas de todas as ocupações possíveis como, por exemplo, técnicos de nível superior, pedreiros, cuidadores em saúde, auxiliares de serviços gerais e merendeiras.

A PF esclareceu que a empresa não efetuava o pagamento do mínimo das verbas trabalhistas impostas pela legislação aos seus supostos “cooperados” – sendo que alguns deles chegavam a receber uma remuneração inferior a um salário mínimo – e nem fornecia equipamentos de proteção individual (EPIs) aos trabalhadores. Também cobrava junto ao município verbas ilegais, a título de “seguro”, “avanços sociais”, “reserva desligamento cooperado”. Os fraudadores também cobraram do município de Jequié pela prestação de serviços de pessoa que nunca integrou os quadros da suposta cooperativa.

De acordo com análises da CGU, todos esses aspectos apontam a ocorrência de fraude à licitação, frustração a direitos trabalhistas e superfaturamento e desvio de verbas públicas em Jequié, no que diz respeito a essa contratação.

Significado do nome “Guilda”

Este nome se refere a associação que agrupava, em certos países da Europa durante a Idade Média, indivíduos com interesses comuns (negociantes, artesãos, artistas) e visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros.

Com informações de Agência Brasil e Polícia Federal.

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