Escândalo sexual e suicídio no basquete paraolímpico brasileiro

Apesar da tentativa de manter em sigilo, por parte de uma importante confederação brasileira, um novo escândalo envolvendo abuso sexual, afastamento de atletas e até suicídio, passou a circular em grupos de whatsapp há pelo menos três meses, assim como um vídeo.

Imagens mostram abuso, ocorrido no ano passado, que já causaram o afastamento de três atletas da seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas, Lia Soares Martins, Denise Eusébio e Geisa Vieira – as duas primeiras disputaram a Rio-2016 e estavam convocadas para o Mundial deste ano. O caso ocorreu durante treinamento do clube Gladiadoras/Gaadin (Grupo de Ajuda dos Amigos Deficientes de Indaiatuba), do interior de São Paulo.

Lia Soares
Denise Eusébio
Geisa Vieira

Uma reportagem feita por Demétrio Vecchioli, jornalista do Blog Olhar Olímpico, do UOL, diz que o abuso teria ocorrido em março de 2017. Segundo Demétrio, através das fotografias, é possível ver a vítima deitada no chão, sendo segurada a força por companheiras de clube e pela coordenadora, única que não é cadeirante. Uma das jogadoras participa fotografando e, ao que consta, também filmando o ato, que envolve um pênis de borracha.

O caso ainda vai além. Gracielle Silva, coordenadora do clube e que também aparece nas imagens do abuso, tirou a própria vida há duas semanas. Todo o tema vem sendo tratado com extrema delicadeza pelos envolvidos.

Lia é o grande nome do basquete em cadeira de rodas no Brasil, tendo participado de três edições dos Jogos Paraolímpicos. O basquete em cadeira de rodas é uma das modalidades geridas por confederação própria, não pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), que diz ter tomado ciência do caso há um mês.

O caso vinha sendo tratado como “brincadeira” até o fim de abril, quando a Rede Globo exibiu reportagem e denunciou os abusos cometidos pelo técnico Fernando de Carvalho Lopes, da ginástica artística.

Os relatos teriam motivado à cadeirante vítima do abuso a agir. Nos dias seguintes ela deixou o clube no qual treinava e passou a reconhecer que aquela “brincadeira” havia sido, na verdade, um abuso.

A denúncia chegou até um órgão de imprensa, que avançou na apuração até encaminhar a divulgação da história. Foi quando a coordenadora da equipe se suicidou.

A própria vítima até agora não apresentou queixa formal junto à polícia e a expectativa é que isso ocorra ainda esta semana. A advogada que a representa quer primeiro colher provas suficientes que a permitam atestar que o caso se tratou de um abuso, não de uma brincadeira, como dizem as jogadoras afastadas da seleção. Estas afirmam que são vítimas de um complô.

Em nota, a Confederação Brasileira de Basquetebol em cadeira de rodas (CBBC) disse que tomou conhecimento do caso no final de março de 2018 e imediatamente pediu que as provas fossem enviadas. Assim que recebeu o material, cerca de um mês depois, decidiu afastar as atletas envolvidas da seleção brasileira.

“Aguardamos os desdobramentos da justiça para qualquer novo posicionamento ou medida”, disse a entidade, alegando não ter sido procurada pela vítima.

Quanto a jogadora Geisa, que fez as fotografias do abuso. Ela parou de responder à conversa pelo Whatsapp quando foi informada da publicação da reportagem e também não compartilhou os contatos das demais jogadoras acusadas.

Já o CPB diz que foi informado do caso no mês passado, pelo presidente da confederação, Valdir Soares Moura. “O CPB não gerencia clubes e seleções de confederações afiliadas”, explicou o comitê, quando questionado se havia tomado providência.

“O CPB está monitorando o caso e seus desdobramentos atentamente”, complementou o órgão.

Fonte: Blog Olhar Olímpico – UOL

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