A assistente social e especialista em Trabalho Social frente à Comunidade e Família Contemporânea, Cintia Oliveira, alega que, neste dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, há muitas conquistas para se enaltecer, embora os desafios do combate ao racismo passem por uma adesão da causa feita inclusive por pessoas não negras. “Precisamos de duas compreensões. Primeiro, entender que o combate à discriminação racial não foi, não é e jamais será uma responsabilidade apenas dos negros. É uma luta de todo cidadão e todas as instituições. Porque o racismo produz malefícios e danos para toda nação”, opinou Cintia.
Segundo o último levantamento do IBGE, a Bahia tem 11,9 milhões de negros, o que equivalente a 80,2% da população. Em Salvador, os negros são 2,3 milhões da população, ou 79,2% do total do município. “Em segundo, devemos ter disposição e determinação de passar o racismo a limpo. O assunto tem de ser conhecido, debatido e combatido. Apenas com o conhecimento das consequências do racismo poderemos construir uma sociedade livre”, conta Cintia, que elogia a Constituição de 1988 ao dizer que esta deu o primeiro passo ao tratar o racismo como crime inafiançável, mas alega que a solidariedade mútua continua como ferramenta importante. “É assim que cumpriremos o objetivo constitucional de uma pátria livre, justa, plural e diversa, em que a dignidade da pessoa seja respeitada pelo Estado e por todos os brasileiros. Sem isso, continuaremos na utopia de que é possível caminhar sozinho quando a vida exige que estejamos sempre juntos. Sem isso, continuaremos em uma sociedade imperfeita que não produzirá justiça, pacificidade e coesão social”, completa.
Da Constituição de 1988 para cá, outras iniciativas e políticas surgiram e se consolidaram, em grande parte como resultado da luta do movimento negro, como o sistema de cotas nas universidades públicas e a criação do Dia Nacional da Consciência Negra, instituído em 2011 e comemorado todo dia 20 de novembro.
Cintia conta que o processo de aceitação é gradativo e envolveu, para ela, um questionamento sobre os padrões sociais. “Na faculdade, com o serviço social, me assumi e compreendi meu lugar enquanto mulher negra. Passei a me livrar dos padrões impostos pela sociedade e passei a usar Black. Resgatei minha história e minha origem e passei a compreender a real história dos negros no Brasil e conhecer os fatores que levam a pessoa negra a não se aceitar como negra”.
Com o avanço na luta contra a discriminação racial, a população baiana pode denunciar a prática de racismo no Ministério Público, Defensoria Pública ou Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela. Além disso, as denúncias podem ser feitas pelo telefone (71) 3117-7448, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h, e também das 14h às 18h.
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