Grampo telefônico que poderia beneficiar Lula foi descartado de denúncia da Lava Jato

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A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ao Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira (1º), algumas mensagens que foram obtidas por um ataque hacker, alvo da Operação Spoofing. Em uma delas, procuradores do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) conversam sobre um grampo de uma funcionária da OAS chamada Mariuza Marques, encarregada de supervisionar o edifício que tem o triplex no qual Lula é acusado de ser o proprietário.

Na conversa, que aconteceu em 13 de setembro de 2016, o procurador Athayde Ribeiro Costa pede para que o grampo de Mariuza Marques seja descartado da denúncia contra Lula porque poderia colaborar para inocentá-lo da acusação. “Pessoal, especialmente Deltan [Dallagnol], temos que pensar bem se vamos utilizar esse diálogo da Mariuza, objeto da interceptação. O diálogo pode encaixar na tese do Lula de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”, disse na época o procurador.

No grampo, de 17 de novembro de 2015, uma mulher identificada como Samara conversou com a funcionária da OAS.

– Samara: Putz! E a dona Mariza devolveu a cobertura, é isso? Tava no jornal outro dia?

– Mariuza: É. Ela não quis pegar a cota dela. É isso mesmo.

– Samara: É sério? Eles devolveram?

– Mariuza: Devolveram. Porque eles tinham cota né..da..cotas da BANCOOP. E aí ela por causa dessas…

– Samara: Não, mas se ela reformou a cobertura dela toda lá no Guarujá?

– Mariuza: Pessoa, não pode falar, pessoa, aqui nesse telefone!

No final de janeiro deste ano, o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, autorizou que Lula tivesse acesso imediato à íntegra de mensagens apreendidas na Operação Spoofing. Antes, o próprio Lewandowski já havia autorizado acesso às mensagens de Moro e Deltan, mas apenas as que tratavam de Lula.

No início de fevereiro, a defesa do ex-presidente Lula passou a ter acesso a 50 páginas de conversas entre Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato. Lula foi condenado em segunda instância pelo TRF-4, em abril de 2018, após acusações de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, quando Sérgio Moro era juiz federal. O ex-presidente ficou mais de um ano preso em Curitiba.

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