Software procurado por Carlos Bolsonaro foi usado por governos para invadir celulares de jornalistas e opositores

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Um software israelense foi usado pelos governos de pelo menos dez países para invadir celulares e coletar informações sigilosas sobre jornalistas, ativistas de direitos humanos, religiosos, advogados e acadêmicos, entre outros.

A investigação de 17 organizações de mídia de diferentes países, descobriu um abuso generalizado e contínuo, e uma lista com mais de 50 mil números de telefone, vazada pelo software conhecido como Pegasus, desenvolvido pela empresa NSO Group, com sede em Israel. O Grupo é investigado pelo FBI desde 2017 sob suspeita de roubo de dados.

O Pegasus é um malware capaz de acessar smartphones sem que o usuário do aparelho precise clicar em links maliciosos ou tenha comportamento descuidado na internet. O operador do Pegasus consegue extrair conteúdo sigiloso, como mensagens — mesmo as criptografadas —, fotos e trocas de e-mails, além de acionar, remota e secretamente, câmeras e microfones.

O vazamento não permite afirmar quem são exatamente os clientes da NSO, mas a investigação aponta que há participação dos governos de ao menos dez países: Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Hungria, Índia, Marrocos, México e Ruanda.

Este software esteve no centro de uma crise entre militares brasileiros e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo reportagem do UOL, em maio, o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria tentado articular a compra do Pegasus sem que órgãos com prerrogativa para utilizar ferramentas desse tipo, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), estivessem envolvidos na negociação — o que excede os limites da atuação de Carlos, que é vereador no Rio de Janeiro.

Em nota emitida em resposta ao consórcio de imprensa, a NSO Group classificou de falsas as alegações feitas sobre o uso de suas ferramentas, mas disse que vai investigar as denúncias de uso indevido e tomar as medidas cabíveis. A NSO afirmou ainda que não é possível descrever a lista de contatos vazada como um conjunto de números “visados por governos que usam Pegasus” e descreveu a quantidade de telefones — 50 mil — como “exagerada”.

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