O número de brasileiros que avalia a gestão do presidente Jair Bolsonaro como ruim ou péssima continua em alta. Segundo dados da mais recente pesquisa Exame/Ideia, a avaliação negativa soma 53%. Em relação à última pesquisa, de agosto, foi um aumento de cinco pontos percentuais. Quem acha o trabalho do presidente ótimo ou bom são 23%, e regular, 21%.
A pesquisa traz dados em relação à inflação. Dos entrevistados, 79% encaram a situação como um grande problema no dia a dia. Os itens que mais têm pesado no bolso das pessoas são alimentos, bebidas e combustíveis. Para a população de renda mais baixa, das classes D e E, os alimentos e as bebidas têm um peso maior, e os combustíveis, obviamente, nas classes A e B.
Outro ponto importante é que 68% dos entrevistados mudaram os hábitos de alimentação em razão da inflação. “Obviamente que isso tem um impacto muito grande no dia a dia das pessoas, estamos falando de mais de dois terços dos brasileiros comendo de alguma maneira diferente, obviamente piorando sua alimentação em razão do aumento de preços. Quem trabalha com a inflação sabe que ela é essencialmente expectativa, e 61% acham que os preços vão continuar aumentando nos próximos seis meses, ou seja, vamos continuar convivendo com um cenário bastante preocupante para o Brasil”, diz Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto especializado em opinião pública.
“Em relação à avaliação do governo, os indicadores do presidente continuam bastante reativos. A gente vê um ruim e péssimo acima de 50%, o que é muito perigoso porque essa parcela é de difícil desconversão. A aprovação de Jair Bolsonaro, apesar de bem resiliente na casa de 25%, no histórico é muito inferior aos pares dele que conseguiram a reeleição no Brasil pós-redemocratização – Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Bolsonaro tem duas variáveis bastante preocupantes para uma possível reeleição: forte rejeição refletida na avaliação ruim, e baixa aprovação”, avalia Maurício.
Outro dado preocupante da pesquisa é que 42% dos brasileiros discordam que a economia vai melhorar nos próximos seis meses. “É muita gente com incertezas em relação ao futuro da economia, no médio prazo. Isso tem uma correlação com a aprovação do governo, 55% dos que avaliam o governo como ótimo e bom acham que vai melhorar e quem avalia mal é justamente o contrário [66% ruim e péssimo]. É um sentimento geral de desconfiança e incerteza em relação à melhora econômica”, diz Maurício Moura.
Dos entrevistados, 45% atribuem ao governo federal o aumento no preço dos combustíveis e 28% atribuem aos governadores. Só que, quando cruzamos essa informação com aprovação e avaliação do presidente, é justamente o contrário. Quem aprova o governo federal acha que a culpa é dos governadores e vice-versa. A responsabilidade, do ponto de vista da opinião pública, é um tema bastante polarizado.
A pesquisa Exame/Ideia ouviu 1.295 pessoas entre os dias 18 e 21 de outubro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem é um projeto que une Exame e o Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
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