MP vê organização criminosa envolvendo Flávio Bolsonaro (PSL)

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Ao pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL), o Ministério Público no Rio de Janeiro descobriu indícios de lavagem de dinheiro em transações imobiliárias entre 2010 e 2017.

Em janeiro de 2018, o jornal Folha de S.Paulo revelou que o filho do presidente realizou operações envolvendo 19 imóveis na zona sul do Rio e na Barra lucrando com transações relâmpago.

Os promotores apontam suspeitas nas transações com a MCA Participações, empresa que tem entre os sócios uma firma do Panamá. Ela adquiriu 12 salas comerciais no edifício Barra Prime em novembro de 2010, 45 dias depois de o senador ter comprado 7 das 12 salas. Segundo os registros, Flávio lucrou com a operação pelo menos R$ 300 mil no curto período.

Em janeiro deste ano, a Folha de S.Paulo também revelou que Flávio havia lucrado R$ 813 mil num intervalo de menos de um ano e meio, na compra de duas quitinetes em Copacabana, em 2012. Pelos dois imóveis, ele pagou um total de R$ 310 mil e os revendeu, um ano e três meses depois, por R$ 1,12 milhão, segundo dados do 5º RGI (Registro Geral de Imóveis) do RJ. O MPF também apontou possíveis irregularidades nessa transação. Segundo os critérios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), as transações tinham característica de lavagem de dinheiro.

A quebra dos sigilos, que atinge um total de 86 pessoas e nove empresas, é o primeiro passo judicial de investigação após um relatório do governo federal ter apontado movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária de Queiroz, motorista de Flávio.

Além do volume movimentado na conta do chofer, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo, em data próxima do pagamento de servidores da Assembleia, onde Flávio foi deputado durante 16 anos (2007-2018).

O senador Flávio Bolsonaro diz que nada fez de errado e afirma que teve o sigilo bancário quebrado de forma irregular. Em relação às transações imobiliárias, o senador disse que o negócio foi fechado “de forma legal entre as partes, numa negociação normal”. Pelas redes sociais, Flávio voltou a dizer que tem patrimônio compatível com sua renda e fez críticas ao que considerou “vazamento de informações sigilosas” à imprensa.

“Tenho meu passado limpo e jamais cometi qualquer irregularidade em minha vida. Tudo será provado em momento oportuno dentro do processo legal. Apenas lamento que algumas autoridades do Rio de Janeiro continuem a vazar ilegalmente à imprensa informações sigilosas, querendo conduzir o tema publicamente pelos meios de comunicação e não dentro dos autos”.

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