Novas conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil e publicadas pela Folha de São Paulo neste domingo (8) indicam que a força-tarefa Lava Jato teria se empenhado em revelar informações sigilosas sobre atos de corrupção na Venezuela a fim de dar uma resposta política ao endurecimento do regime imposto por Nicolás Maduro ao país vizinho, mesmo que a ação não tivesse efeitos jurídicos. Os procuradores tomaram tal decisão após receber sugestões do então juiz federal Sergio Moro.
De acordo com a Folha, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a força-tarefa em Curitiba mantinham diálogo constante com procuradores venezuelanos que acusavam Maduro de persegui-los.
Em 5 de agosto de 2017, Moro usou o Telegram para sugerir ao coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. “Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?”, diz trecho de um dos diálogos.
Um ano antes, diretores da Odebrecht admitiram o pagamento de suborno para fechar parcerias comerciais em 11 países, um deles seria a Venezuela. No entanto, todas as informações contidas na delação eram mantidas em sigilo por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em resposta a Moro, Dallagnol diz concordar, apesar de demonstrar certa preocupação com uma possível desaprovação de setores da sociedade. “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, assinalou.
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