Adeptos do candomblé amarram tecidos em árvores para protestar contra Bolsonaro

A ação que acontecerá na madrugada de 22 para 23/11 vai exigir respeito religioso e transformação para o Brasil

Quando as ruas de Salvador amanhecerem cobertas de tecidos brancos no próximo dia 23 de novembro, baianos e turistas saberão que a décima terceira edição da Alvorada dos Ojás aconteceu. Em 2019, adeptos do candomblé promovem a atividade da noite na madrugada do dia 22 para o dia 23 de novembro (sexta-feira e sábado), amarrando árvores da capital baiana com tecidos sagrados usados nos cultos afro-brasileiros (os ojás).

O objetivo da atividade é questionar a onda de discursos de ódio que tomou o País, o desmonte dos direitos dos trabalhadores, das minorias e do povo negro pelo atual presidente da República, além dos diversos ataques sofridos por terreiros de candomblé e seus sacerdotes e sacerdotisas no último período, e aproveitar a oportunidade para pedir paz, respeito à liberdade religiosa e equilíbrio entre as pessoas.

A amarração dos ojás será feita em árvores do Dique do Tororó, do Campo Grande, Corredor da Vitória, Pelourinho, Suburbana e no Largo do Santo Antônio Além do Carmo.

Foto: Fafá Araújo

O processo dura toda a madrugada e acontece de forma coletiva. O grupo de parceiros da atividade inclui o afoxé Filhos de Gandhy e o artista plástico e fundador do Cortejo Afro, Alberto Pitta.

Contemplada na seleção pública do Edital Arte Todo Dia, da Fundação Gregório de Mattos, a Alvorada dos Ojás, no ano de 2019, conta com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi), da Bahiatursa (Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia), além do apoio editorial da Rede Bahia de Televisão.

Para a coordenadora-geral do CEN e Ekedy da Casa de Oxumarê, Iraildes Andrade, a Alvorada dos Ojás de 2019 é especialmente significativa, por acontecer numa destruição de direitos constituídos da população negra e das minorias, em um governo notadamente autoritário.

Foto: Fafá Araújo

“Queremos apenas que as pessoas se respeitem, respeitem as escolhas das outras, as opções religiosas, as opções políticas, e que o ódio seja banido do nosso convívio. Quando pedimos a Oxumarê que promova a transformação do nosso país, que vive essa situação atualmente, estamos falando que nosso projeto para o Brasil é um projeto inclusivo, sem violência, um projeto que caiba todas as pessoas dentro dele, sem opressão, sem machismo, sem misoginia, sem racismo e sem ódio religioso”, defendeu Iraildes, explicando a importância da atividade.

Além da atividade já tradicional, em 2019 a Alvorada dos Ojás também promoveu uma exposição com fotografias de edições anteriores, registradas pelo fotógrafo Fafá Araújo, e também com roupas feitas com ojás retirados das árvores. A instalação, aberta durante o mês de novembro em comemoração ao Mês da Consciência Negra, está no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), na Avenida Contorno, e tem curadoria de Alberto Pitta e Marcos Rezende.

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