O crescimento das mortes por coronavírus em São Paulo mudou a rotina do cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina. Funcionários contam que o número de enterros diários saltou de 40 para 58 nas últimas semanas, o que significa uma elevação de cerca de 45%. Metade deles relacionada à covid-19. Além disso, os enterros são mais rápidos, duram no máximo dez minutos.
A foto principal desta matéria mostra mais de 180 covas abertas. Ela repercutiu na última quinta-feira (2), após chegar à capa do jornal americano Washington Post. Segundo funcionários, a alta demanda de enterros tem exigido a abertura de cerca de 90 covas por dia, o dobro do habitual. Já a Prefeitura afirma que são abertas 100 covas a cada três dias, o padrão, independentemente da pandemia. Segundo o Município, as sequências de novas valas servem para “auxiliar na agilidade dos sepultamentos e cada necrópole tem dinâmica própria”.
Só nesta quarta-feira (1), foram 57 enterros no Vila Formosa. Nesta quinta, mais 52. Os números dos últimos dias superam a média de 40 antes dos tempos de pandemia. “Trabalho aqui há mais de 20 anos. Não me lembro de uma situação como essa”, diz um dos coveiros mais experientes.
Desde 20 de março, enterros solitários e sem cerimônia são frequentes. Norma da Secretaria da Saúde de São Paulo diz que todos os óbitos com suspeita de covid-19 devem seguir protocolo para segurança dos profissionais que lidam com cadáveres. Nesta quinta, os caixões chegavam com tanta rapidez que os coveiros tiveram de pedir alguns minutos para terminar um que já ocorria, antes do seguinte. A família teve de esperar.
Fonte: Estadão e Folha de São Paulo
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