Considerado melhor do mundo pela ONU, projeto do governo da Bahia, co-gerenciado pela Flem, resiste à pandemia no semiárido

Mulheres e jovens agricultores usam a tecnologia para garantir a comercialização dos seus produtos

O Pró-Semiárido, projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável na região semiárida da Bahia, do Governo do Estado, foi considerado o melhor do mundo pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência de desenvolvimento rural da Organização das Nações Unidas (ONU). Os motivos para a escolha foram as inovações do projeto, o destaque para o papel de jovens, mulheres e quilombolas, a assistência técnica contínua e os impactos econômicos e sociais no semiárido da Bahia.

Desde 2015, a Fundação Luís Eduardo Magalhães – FLEM é parceira da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR, do Governo da Bahia, prestando serviços de apoio à implantação, execução e gerenciamento deste projeto. Neste período, mais de 60 mil famílias, de 782 comunidades, foram atendidas em 32 municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Com o surto da pandemia global algumas mudanças têm acontecido, como mostra reportagem de 9 de junho deste ano, do Estadão [leia aqui]. Antes, os agricultores vendiam nas feiras das cidades próximas e nos mercados do produtor rural. Tudo isso reduziu. “Estamos procurando outros meios”, explica Carla da Silva, que tem 25 anos, nasceu e cresceu na zona rural do município de Juazeiro.

Enquanto a troca de produtos entre vizinhos ganhou força, outros vendem de porta em porta, usam o aplicativo WhatsApp e as redes sociais. Já os grãos têm sido armazenados e os animais que seriam abatidos ficam no pasto até as feiras voltarem.

Na avaliação de Ndaya Beltchika, líder da área de gênero e inclusão social do FIDA, a maior adoção de tecnologia é fundamental neste momento. “A pandemia abriu um novo capítulo na área de tecnologia para agricultores, especialmente mulheres e jovens”. Beltchika afirmou que os governos precisam incluir cada vez mais mulheres e jovens no processo de decisão e capacitá-los para acessar mercados usando tecnologias.

“Mulheres e jovens precisam estar representados em todos os projetos de recuperação econômica, desde o planejamento, a elaboração, a implementação e também no monitoramento, para garantir que as atividades sejam inclusivas e relevantes”.

De acordo com a reportagem do Estadão, Carla trabalha com quatro comunidades rurais na sua região e conta que a maioria dos produtos da alimentação vem do próprio quintal. Desde a implantação do Pró-Semiárido, foram instalados 1.217 aviários e 766 quintais agroecológicos nas cidades beneficiadas. Também foram construídas 588 cisternas para captação de água e unidades de beneficiamento de frutas.

“A água aqui vale ouro. Agora está mais fácil plantar, colher, dar água para os animais e para as plantas”, resume. Os produtores foram capacitados para produzir seus próprios fertilizantes, conseguiram aumentar a produtividade do que plantam e agora recebem mais. Além, claro, do ganho econômico de não ter que comprar o que nasce no quintal.

O FIDA trabalha nos nove Estados do Nordeste, em Minas Gerais e no Espírito Santo, em parceria com governos locais e organizações regionais. Atende cerca de 300 mil famílias rurais na região mais pobre do País para elevar o desenvolvimento no campo. Também faz isso em outros quase 100 países.

Com a pandemia, o fundo realocou recursos e está investindo R$ 217 milhões em ações como a compra e distribuição de cestas básicas, a aquisição de máscaras confeccionadas pelas comunidades e a disponibilização de sementes e insumos para a próxima safra.

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