Os recentes recordes que o Brasil vem quebrando recentemente nesta pandemia podem não representar o pior cenário possível. Segundo o médico, neurocientista e professor catedrático da universidade Duke (Estados Unidos), Miguel Nicolelis, o Brasil poderá chegar à marca de 3 mil mortes diárias nas próximas semanas se não houver um lockdown nacional.
Em entrevista ao El País Brasil publicada nesta quinta-feira (4), Miguel Nicolelis alega que as medidas restritivas precisam ser mais rigorosas para que o cenário não piore ainda mais. “Vamos entrar numa situação de guerra explícita. Podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos”, disse Nicolelis, que coordenou o Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a Covid-19 até o mês passado e é um dos maiores cientistas de sua área no mundo, segundo a revista Scientific American.
A concretização de um lockdown nacional, no entanto, parece distante. Na tarde desta quinta-feira (4), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que se depender dele, não haverá endurecimento de medidas restritivas. “Vocês não ficaram em casa. Não se acovardaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, disse em evento em São Simão, sudoeste de Goiás. “Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doença, comorbidade, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”
O Brasil alcançou na noite desta quarta (3) o recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas: 1.910, segundo o Ministério da Saúde. Governadores e prefeitos por todo o país têm tomado medidas de contenção do contágio, mas o presidente da República continua sem usar a máscara e sem incentivar medidas de proteção contra a doença causada pelo vírus Sars-Cov-2, além de promover aglomerações.
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