Mercado financeiro reduz projeção de inflação para 3,92% este ano

Economistas do mercado financeiro estão à espera de desdobramentos da crise política para, se for o caso, alterar suas estimativas para a economia. Esta é uma das indicações trazidas pelas projeções contidas no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (22/05) pelo Banco Central. O relatório agora divulgado recebeu até a última sexta-feira (19) as projeções do mercado para a economia. Portanto, o documento já foi, em tese, impactado pela delação de executivos da JBS, cujas primeiras notícias saíram na noite de quarta-feira (17).

Os números do Focus, no entanto, indicam que os economistas pouco alteraram as principais projeções econômicas, sendo que, quando fizeram isso, as mudanças foram favoráveis em sua maioria. O câmbio é um bom exemplo. A projeção para o dólar no fim de 2017 caiu de R$ 3,25 para R$ 3,23 no Focus. Isso ocorreu apesar de, na quinta-feira, 18, a moeda americana ter disparado ante o real, em meio aos primeiros impactos das delações que comprometem o presidente Michel Temer. A projeção para o dólar no fim de 2018 seguiu em R$ 3,36 no Focus.

Na última sexta-feira, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reconheceu em evento em São Paulo que as incertezas políticas aumentaram em função dos eventos ligados à JBS. Ainda assim, no Focus desta segunda os cálculos para o IPCA – o índice oficial de inflação – tornaram-se mais favoráveis: a taxa projetada para 2017 caiu de 3,93% para 3,92% e a inflação para 2018 foi de 4,36% para 4,34%. No caso do PIB, as projeções seguiram congeladas ao longo de toda a semana passada, a despeito da crise política. O Focus divulgado nesta segunda indica que o mercado projeta crescimento de 0,50% em 2017 e de 2,50% em 2018.

IPCA e Selic

O mercado financeiro reduziu a projeção para a inflação este ano pela 11ª vez seguida. A estimativa para o IPCA passou de 3,93% para 3,92%. A projeção para a inflação este ano está abaixo do centro da meta, que é 4,5%. A meta tem ainda limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2018, a estimativa caiu 4,36% para 4,34%, no segundo ajuste seguido.

A projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia (Produto Interno Bruto – PIB – a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) permanece em 0,50%, este ano e em 2,50%, em 2018.

Para as instituições financeiras, a taxa básica de juros, a Selic, encerra 2017 e 2018 em 8,5% ao ano. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano. A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e a inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

Fonte: Época Negócios

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