Vinte peças arqueológicas foram achadas no terreno em que foi erguida uma loja da Havan em Rio Grande do Sul (RS), inaugurada em julho deste ano. Tratam-se de cerâmicas pré-coloniais e de pedaços de louças fabricadas no final do século 19. Os objetos estão guardados na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). As informações são do Uol.
Na última semana, a obra foi tema de uma polêmica envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PL), que admitiu ter trocado funcionários do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) depois de receber reclamações de Luciano Hang, dono da Havan, sobre a interdição da obra que construiu a loja.
“Tomei conhecimento que uma obra de uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja, e apareceu um pedaço de azulejo nas escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra. Liguei para o ministro da pasta e [perguntei]: que trem é esse? Porque não sou inteligente como meus ministros. O que é Iphan, com PH? Explicaram para mim, tomei conhecimento, ripei todo mundo do Iphan. Botei outro cara lá”, disse Bolsonaro.
Depois da afirmação, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o presidente seja investigado pelos crimes de prevaricação e advocacia administrativa para privilegiar apoiadores.
O que Bolsonaro chamou de “pedaço de azulejo” são, na verdade, achados arqueológicos, que começaram a ser encontrados ainda em julho de 2019. Na ocasião, quando havia 152 sítios arqueológicos cadastrados no Iphan-RS na cidade, a Archaeos Consultoria em Arqueologia, contratada pela Havan, encontrou as primeiras peças.
Ao final de uma análise de três meses, foram localizadas 20 peças. 11 delas são cerâmicas feitas por povos indígenas que podem ter entre 200 e 2 mil anos.
Com os vestígios, a Archaeos disse ao Iphan que era necessário realizar “prospecção intensiva no local e após a continuidade do monitoramento das obras”. Por isso, o instituto recomendou o bloqueio de parte da obra: uma área de 0,3 hectare foi interditada, enquanto 30,52 hectares continuaram livres para que as obras continuassem.
Na ocasião, Hang inaugurou um “atrasômetro” no terreno, reclamando da demora para obter o alvará do estabelecimento. Em novembro de 2019, o relatório final foi apresentado, mostrando que uma prospecção arqueológica foi realizada em agosto, no período de quatro dias. “Conforme as escavações terminavam, estas áreas eram liberadas”, afirma o documento.
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