Sessão na ALBA celebra centenário do sambista Batatinha

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Nascido em 5 de agosto de 1924, na Maternidade Climério de Oliveira, em Salvador, o cantor e compositor Oscar da Penha, popularmente conhecido como Batatinha, foi homenageado, na última quinta-feira (29), pela Assembleia Legislativa. A sessão especial celebrou o centenário de nascimento do gráfico que se tornou um dos maiores expoentes do samba na Bahia e no Brasil. Autoridades, ex-parlamentares, parentes, artistas da Velha Guarda e das Novas Gerações lotaram o plenário para saudar “um poeta popular de muita nobreza e diplomado em matéria de sofrer”, conforme declarou a deputada Fabíola Mansur (PSB).

“Como nos disse o professor e poeta Florisvaldo Mattos, Batatinha – no seu glorioso centenário – permanece sentado no trono do samba, tendo nós todos como seus fiéis vassalos. E é na condição de vassalos, do grande Oscar da Penha, que reverenciamos nesta data os 100 anos de nascimento desse ilustre artista”, salientou a proponente. No seu discurso, a procuradora Especial da Mulher da ALBA falou sobre a trajetória do compositor, saudou os estudantes do Colégio Montessoriano da Boca do Rio, que se encontravam na galeria, e garantiu que “um sambista como Batatinha não morre jamais”.

Fabíola contou que o nome Batatinha, considerado na época como “gente boa”, foi colocado pelo jornalista e diretor da Rádio Sociedade, Antônio Maria, que tinha um programa na emissora. Suas composições foram cantadas por estrelas da música brasileira, a exemplo de Jamelão, Alcione, Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Chico Buarque e Nora Ney. Com os amigos e parceiros Riachão, Panela, Walmir Lima, Roque Ferreira, Tião Motorista, Edil Pacheco e Ederaldo Gentil, Batatinha elevou “o samba da boa terra” a outro patamar.

Legado

A parlamentar socialista destacou que o músico deixou um legado significativo para a Bahia e o Brasil, sendo comparado por muitos críticos a ícones como Nelson Cavaquinho e Cartola. A legisladora pontuou que o autor de clássicos como “Diplomacia”, “O Circo”, e “Hora da Razão”, nos seus 72 anos de vida, faz seu roteiro afetivo entre a Baixa do Sapateiro, Barroquinha, Saúde, Rua das Flores e Pelourinho. Ela lamentou, “para tristeza e indignação geral” que os discos do compositor (Samba da Bahia/1973; Toalha da Saudade/1976; e Batatinha: 50 anos de Samba/1993) estejam fora de catálogo.

“Esta Casa Legislativa tem o privilégio de servir de palco para os nossos aplausos a esse mestre que tornou mais bela a história musical da Bahia. Vamos fazer uma roda de samba, porque o samba nasceu na Bahia. Queremos reverenciar a memória daqueles que colaboram para a nossa história cultural. Celebremos Batatinha”, pediu, emocionada, a deputada. Foi mesmo um encontro recheado de música: “Se eu deixar de sofrer/ Como é que vai ser/ para eu me acostumar/ Se tudo é Carnaval/ Eu não devo chorar/ Pois eu preciso me encontrar”, um sucesso de Batatinha, na inconfundível voz de Caetano Veloso, foi entoado pela plateia.

Caixa de fósforo

Por vídeo, a cantora Jussara Silveira “revelou que as lembranças sensíveis de Batatinha chegaram cedo em sua vida, através das notas musicais do pianista Carlos Lacerda, seu padastro”. A sambista Juliana Ribeiro disse que ele “é um artista que compõe o que a alma quer falar”. Quem também fez pronunciamento foi Paquito Moura, cantor, compositor e pesquisador da obra do sambista que garantia não ter violão e fazia samba na mão. “Vamos continuar sempre cantando Batatinha, porque era genial com sua caixinha de fósforo”. Antonio Lopes, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ressaltou que as letras de seu Oscar “expressam a alma do Centro Histórico de Salvador, onde viveu e também recebeu a honraria de batizar um espaço na folia do carnaval, o Circuito Batatinha”. Clarindo Silva, batalhador incansável pela revitalização do Pelourinho, agradeceu à deputada pela iniciativa e, no centenário de nascimento do sambista, confessou que alguém, há poucos dias, lhe perguntou: Onde será a estátua de Batatinha?

Renomados artistas nacionais, como Bethânia e Alcione, falaram em vídeo sobre a felicidade de terem gravado músicas de Batatinha. A família Penha, por meio dos filhos Arthur, Jorge e Maíta, a neta Flora e a nora Maristela enalteceram a convivência com o artista. Coube ao filho, o artista plástico Lucas Batatinha, anunciar que tinha acabado de pintar um retrato do pai, convidando a todos para verem a tela, em exposição na Galeria dos Ex-Presidentes da ALBA.

Além das pessoas citadas, participaram da mesa dos trabalhos da sessão Sara Prado, diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia; Filemon Matos, ex-deputado estadual e conselheiro do TCE-BA; Heraldo Rocha, ex-deputado estadual; o compositor e cantor Nelson Rufino; o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Gilmar Telles; o produtor musical João Américo; o presidente do Comcar, Washington Paganelli; o produtor cultural Roberto Sant’Anna e o vice-presidente da ABI, Luís Guilherme.

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