Chega de palavras bonitas: professoras e professores precisam de nosso apoio nas greves!

Docência, educação e escola não podem ser vistas como partes de um todo homogêneo, despolitizado, de discurso fácil que gera aplausos e palavras de admiração. “Nossa, concordo com você, a educação é o futuro desse país”. Chega de discurso vazio! As salas de aula e as instituições de ensino são locais de disputa. Se dentro de uma sociedade complexa como a brasileira os interesses de classes são divergentes em tantos assuntos, também serão quando o assunto é docência, educação e escola.

Uma fundação de um bilionário como Jorge Paulo Lemann não investe em educação com outro propósito que não o de levar seu projeto de privatização da educação adiante. Como representante da burguesia, classe que detém o poder no Brasil e no Mundo, Lehmann, assim como outros tantos bilionários, terão suas iniciativas repercutidas positivamente nos veículos de comunicação de maior alcance. Não por acaso: os quem detêm os principais veículos de comunicação do Brasil são da mesma classe de Lehmann.

A idealização do modelo asiático de educação é muito perigosa. É comum ouvir que “o Japão e a Coreia do Sul investiram na educação e com isso, se reergueram depois de guerras e de muita pobreza”. Estes dois países receberam pesados investimentos dos Estados Unidos para se reerguerem como forma de propaganda política do bloco capitalista em um período de Guerra Fria. Se os índices sociais não são tão altos em outros países capitalistas, como na própria Ásia, na África e na América Latina, não foi por “falta de esforço” de outros povos ou por “corrupção” na política local, teoria vazia que ignora as interferências e golpes articulados pelos Estados Unidos em países como o Brasil.

Paulo Freire já dizia que “seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”. Para pensar a vida, um projeto nacional e o mundo é preciso não só reproduzir técnicas e costumes, mas questioná-los. Não há como questioná-los sem as ciências humanas, mas o Governo do Japão chegou a sugerir o fim de cursos destas áreas nas universidades. Há quem no Brasil se espelhe nesta iniciativa.

Para além de homenagens em redes sociais pelo seu dia, que foi criado pela professora Antonieta de Barros em 1948, professoras e professores precisam de nosso apoio nas greves. O sucateamento da educação pública é projeto de quem tem tentáculos na política e quer ter ainda mais controle sobre a comunicação. Ter docentes reféns de patrões alinhados à burguesia é um importante passo para burgueses exercerem ainda mais influência nas narrativas na luta de classes. Não bastasse a TV defender pautas antipopulares como reformas trabalhista e tributária, teto de gastos e privatizações do nosso patrimônio, entre outras coisas, os contrapontos à visão hegemônica burguesa são pouco a pouco ameaçados de aniquilação.

Docentes precisam trabalhar em segurança, sem ameaças de quem pretende silenciá-los. Palavras bonitas não bastam: o futuro da educação tem lado e não é o de bilionários como Jorge Paulo Lemann. Viva as professoras e os professores, viva a educação popular e viva a educação pública!

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