Um a cada cinco homens e uma a cada seis mulheres irão desenvolver câncer ao longo da vida. A informação é resultado de um estudo liderado pela International Agency for Research on Cancer, o GLOBOCAN 2018. Só no Brasil, segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 600 mil brasileiros deverão receber o diagnóstico da doença ainda neste ano.
Diante destes números, é natural que as pessoas tenham muitas preocupações em relação à doença, porém este receio faz com que o câncer seja um tema sempre atrelado a mitos. Atualmente, ferramentas de busca online e compartilhamento de mensagens por aplicativos são verdadeiros proliferadores dos chamados fake news da saúde e, a única forma de combater notícias sem embasamento científico, é munindo as pessoas com informação.
A conscientização sobre o câncer é a melhor ferramenta para o combate e diagnóstico precoce de tumores malignos. Para ajudar nesta missão, a Dra. Renata Cangussu, especialista do NOB (Núcleo de Oncologia da Bahia) / Grupo Oncoclinicas esclarece uma série de mitos sobre a doença. Confira:
Mamografia realizada anualmente aumenta o risco de mulheres desenvolverem tumores malignos.
Este é um boato recorrente, e, com as redes sociais ganhou ainda mais força nos últimos anos. Recentemente, uma nova onda de fake news invadiu grupos de WhatsApp por conta de um vídeo que passou a circular e que supostamente trazia dados comprovando que a realização anual do exame aumentaria o risco de mulheres desenvolverem tumores malignos.
Todos os anos cerca de 60 mil brasileiras recebem o diagnóstico de câncer de mama. Este é o segundo tipo de tumor que mais atinge as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. “Com os avanços da medicina, a possibilidade de cura quando o diagnóstico é precoce fica em torno de 95% dos casos”, explica a oncologista Renata Cangussu.
A principal ferramenta para que isso seja possível é a mamografia, um exame que deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos e consegue detectar um nódulo antes mesmo que ele se torne palpável.
Tumor reincidente não tem cura.
Tudo depende essencialmente do tipo e do estágio desse tumor. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais chances de o tratamento ter sucesso. “O diagnóstico tardio pode causar várias complicações, mas cada caso deve ser avaliado individualmente”, afirma Renata Cangussu.
Ingerir adoçantes causa câncer.
Há muitos anos o adoçante gera desconfiança em relação à segurança na saúde de quem opta por utilizá-los e por isso há ainda quem prefira a ingerir o açúcar. Estudos antigos realizados em ratos utilizando altas quantidades de adoçantes com ciclamato mostraram que de fato causavam câncer. Porém, análises atuais feitas com outros tipos de adoçantes não foram capazes de confirmar essa associação.
O câncer antes dos 30 anos é 100% hereditário.
O câncer hereditário se manifesta predominantemente em pacientes com menos de 50 anos, entretanto só 10% dos cânceres são hereditários enquanto os outros 90% tem relação com o estilo de vida. “O histórico familiar é um fator de risco, mas os hábitos de vida são fundamentais na prevenção da doença. Não fumar, praticar atividade física regular, ter uma alimentação equilibrada, evitar alimentos ultraprocessados e não exagerar no consumo de bebidas alcóolicas são alguns hábitos importantes na prevenção do câncer”, esclarece a oncologista.
Toda mulher que contrai HPV terá câncer.
O vírus do HPV é a principal causa do desenvolvimento do câncer uterino. Porém, existem 40 tipos de vírus e nem todos levam à doença. Segundo a especialista, “há outras condições que associadas ao HPV podem desencadear o câncer, como o tabagismo, a imunidade baixa, a idade e o elevado números de parceiros sexuais”.
A infecção por HPV é muito frequente, porém a maioria dos casos regride naturalmente.
Refrigerante pode causar tumores.
Não é novidade que o consumo de bebidas açucaradas como o refrigerante faz mal à saúde. Médicos e nutricionistas sugerem, inclusive, que o consumo desse tipo de produto seja abandonado para que a pessoa tenha uma qualidade de vida melhor e a chance de ter diversos tipos de doenças seja menor. Porém, muito tem se falado que além da obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, o refrigerante também causa câncer.
O refrigerante não tem ligação direta com a doença. Mas, é preciso ressaltar que o consumo desse tipo de bebida pode levar a outros tipos de problemas de saúde que aí sim podem levar ao surgimento do câncer como é o caso da obesidade, que está ligada a pelo menos 13 tipos de câncer.
Hipotireoidismo ou hipertireoidismo são sintomas do câncer de tireoide.
A tireoide é uma glândula que produz hormônios responsáveis por diversas atividades no corpo humano e fica localizada na parte anterior do pescoço, abaixo da região conhecida como “pomo de Adão”. A secreção aumentada deles provoca o hipertireoidismo enquanto a secreção diminuída o hipotireoidismo. O aparecimento de nódulos não significa que é de fato um câncer. Em 90% dos casos, os nódulos identificados são benignos, ou seja, não é câncer. O recomendável é que em caso de anormalidade a pessoa busque ajuda médica para investigação.
Ingestão de leite pode causar câncer ou prejudicar o tratamento de um paciente oncológico.
A ingestão do leite é constantemente alvo de debates entre especialistas e também por consumidores. Conhecido como uma ótima alternativa para a prevenção da osteoporose, o leite também é associado ao surgimento do câncer. Não existem estudos que comprovem a relação direta na causa de tumores. Porém, a alta ingestão é associada a algumas doenças que podem aumentar o risco do surgimento do câncer, como é o caso da obesidade, por exemplo.
Implantes de silicone podem causar câncer de mama.
O câncer de mama é uma doença que acomete a glândula mamária, sobretudo os dutos e lóbulos. Porém, as próteses de silicone são vistas para alguns como um fator para o surgimento da doença. Apesar de ser uma questão levantada há anos, estudos comprovaram não haver relação entre o uso de próteses com o câncer de mama. “Os exames periódicos para prevenção da doença devem ser feitos também pelas mulheres que usam próteses”, recomenda Renata.
Depilação a laser ou com luz pulsada podem ser fatores para surgimento do câncer de pele.
Estes tipos de procedimentos acabam gerando grande dúvida porque as pessoas confundem os métodos utilizados com os raios ultravioletas e Raio-X. Os raios que representam de fato riscos à saúde, como os emitidos pelo sol, são capazes de atingir camadas mais profundas no corpo e não têm um critério de destruição prejudicando o tecido. A luz emitida nesse tipo de procedimento não penetra nas camadas mais profundas. No entanto, o ideal é evitar a depilação a laser ou luz pulsada em áreas com pintas.
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