Fernando Coelho fala sobre a necessidade de reabertura do Hospital Espanhol

Jornalista diz que centro de saúde fechou pelas mesmas causas que maltratam o país

Não são apenas os banqueiros agiotas que prendem os 210 milhões de brasileiros em seu cercado criminoso. Pior do que o poderio econômico e ladrão dos bancos, exceto para autoridades, é o domínio permitido dos convênios de saúde. Bárbaros, extorsivos, escorchantes. Quem me lê, me entende. Por que falo do Hospital Espanhol de Salvador? Porque atendia a uma população desesperada, como uma das únicas alternativas ao Hospital Geral do Estado, funcionando como hospital de guerra.

Salvador é a quarta cidade em densidade humana do Brasil. A cidade vive o flagelo das gestões ideológicas que a espremeram em incompetência e desconstrução. O Hospital Espanhol fechou há 5 anos. Causas? As mesmas que maltratam o Brasil: gerenciamento desprezível, decisões fraudulentas, apadrinhamentos na gestão. São quase 300 leitos que o povo da Bahia perdeu, num hospital de excelência onde nasceram 10% dos soteropolitanos.

O governo perdulário e petista esconde, mas o atendimento de saúde é pífio e desumano. Clarindo Silva, esse Quixote negro, guardião do Pelourinho, bateu perna, mobilizou-se, e conseguiu para amanhã (quinta-feira, 29 de agosto), três da tarde, no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador , uma audiência pública onde se discutirá a reabertura do importante centro de saúde.

Impressionante que, nessa guerra, as autoridades jogam contra. Preferem ali, não o trato da saúde pública, mas espigões entregues ao segundo poder no país, das construtoras. O caso do Hospital Espanhol é o espelho do Brasil.

Fernando Coelho é Jornalista, poeta e escritor.

Criado há 135 anos por pioneiros emigrantes da comunidade hispano-galega radicada na Bahia, no final do século XIX, o Hospital Espanhol foi fechado em 30 de setembro de 2014 em decorrência de má gestão. Na época do fechamento o Hospital possuía 270 leitos hospitalares, 60 de UTI adulto e 12 de UTI Neo-natal, além de centros cirúrgicos, centro de hemodiálise, unidade coronariana, ambulatórios, centro de imagem, laboratório, entre outros equipamentos. Mais de dois mil funcionários foram desligados. O destino do hospital ainda está sendo decidido judicialmente.

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