Jones Carvalho fala de ditadura, militância e política atual

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Jones Carvalho – É mineiro de Belo Horizonte, aos 9 anos de idade em pleno período da ditadura militar, presenciou da janela de sua casa, a cavalaria do exército sufocar uma passeata pacífica deixando muitos mortos, fato determinante para sua conscientização política. Ainda jovem chegou a Bahia, onde passou a militar no movimento sindical do Polo Petroquímico de Camaçari. Suas ações foram determinantes na criação de uma nova ideologia sindical e juntamente com outros colegas de chão da fábrica, a exemplo de Jaques Wagner, Moema Gramacho, Rui Costa, dentre outros, mudaram definitivamente o cenário político baiano. Simbolo vivo da resistência militar armada, esta entrevista concedida aos jornalistas Valter Xéu e Luciano Barreto, foi regada com algumas doses do tradicional “cravinho”, ofertado pelo ativista cultural, Clarindo Silva, em sua tradicional Cantina da Lua, no centro histórico de Salvador.

Candidato a deputado estadual pelo PT, Jones Carvalho defende um mandato participativo, e afirma que o Partido dos Trabalhadores precisa se reinventar.

Valter Xéu – Jones nos conte sua história.

Jones Carvalho – Eu nasci em Belo Horizonte, em um domingo de carnaval, morei em BH, até 1979, saí de lá por perseguição política em plena era da ditadura. Em 64 com 9 anos eu vivi o terror do golpe militar. Marcando profundamente a minha vida, nessa época eu morava com minha família na Rua Olegário Maciel, quando da janela da minha casa, vi passar uma tropa da cavalaria do exército todos muito bem armados perseguindo uma multidão que descia a rua em passeata e foi um massacre.

Luciano Barreto – Então racharam a cabeça de muita gente…

Assassinaram muita gente! Teve um que correu e levou um tiro pelas costas, e eu e minhas duas irmãs presenciando da janela, horrorizados com aquele massacre, imagina, uma cena dessa observada por uma criança de apenas 9 anos. A partir dalí passamos a entender o que representava o braço armado dos militares, daí passamos a sentir medo dos militares, a gente não concordava com tamanha covardia. Naquele momento começou a consciência política da gente. No dia seguinte, ao massacre os jornais diziam que o acontecido era uma vitória do povo, então me perguntava: como o povo ganhou se o povo estava na rua e foram mortos pelos soldados? Nessa época eu cursava o primário, eu estudava no grupo escolar Olegário Maciel, e na sala de aula ouvi a professora falar que o movimento havia sido pacífico então falei, não, houve muitos mortos, e ela se levantou assustada pedindo pelo amor de Deus que eu não comentasse aquilo com ninguém. Ela não podia discutir, porque poderia ser presa, como muitos foram naquela época, mas eu estava indignado. Em 1966, começamos a participar daquelas manifestações contra o Acordo Mercusaires, só que desta vez, eu estava do outro lado da “janela” estava vivenciando a ditadura, quando os soldados chegaram com cassetetes, soltavam os cachorros na gente, e a gente foi tomando consciência de que aquilo alí não iria surtir efeito, então no ano de 1967, com 12 anos, eu fui recrutado pela Polopi, que era uma das muitas organizações clandestinas político-operária que surgiam no país, a partir daí comecei minha militância organizada. Era uma resistência armada. Logo depois a Polopi se dividiu e eu passei a integrar a Colina (Comando de Libertação Nacional) – no final dos anos 70 a organização foi duramente atingida, tendo parte do grupo sido assassinados, outra parte foragida e eu fique sendo seguido 24 horas do dia, porque eles queriam encontrar os líderes da organização, então eu não podia participar de nenhuma reunião, nenhum encontro com ninguém, eu só podia estudar religião que era o que não dava problema. E passei um bom tempo estudando muitas religiões.

Seguiu alguma delas?

Não. Nenhuma.

Vamos retroceder um pouco no tempo… Na cabeça de um adolescente de 12, ou 13 anos, como é que você hoje analisa aquela época, presenciando aqueles massacres, a falta de liberdade…

A gente se sentia muito impotente frente a situação, a gente via pessoas morrerem, pessoas sendo presas injustamente, e não tínhamos muito o que fazer. Muita gente costuma condenar nossa participação na resistência armada, achando que aquilo era coisa de louco suicida. Mas se a gente contrapor áquela época com o desgoverno do Michael Temer, essa impotência que as vezes a gente sente que percebe que a justiça tem lado, que condena um e absolve os outro nas mesmas circunstâncias. A sensação é a mesma, o aparato militar era muito mais organizado e preparado para dissolver os movimentos tidos como revolucionários, e o que passava pra sociedade é que a luta era pela manutenção da ordem. certa vez, uma bomba dessas que eles chamam de bomba de efeito moral caiu embaixo de um buik e estourou os quatros pneus do carro, então assim, não tinha nada de efeito moral. Era uma bomba mesmo e a gente ia percebendo que tínhamos que radicalizar o processo. Era uma situação muito difícil, porque a gente sentia uma opressão muito grande porque tudo era proibido, as músicas eram proibidas os shows eram proibidos, certa vez fomos assistir a um show do Chico Buarque, como a música que apesar de você, estava sendo muito tocada, eles perceberam que a letra tinha conotação política, aí com a censura já tinha liberado a música eles proibiram a letra, que era uma forma de dizer que não havia perseguição. Quando chegamos no ginásio, Chico pegou o violão e disse: “vou tocar uma música que eu não posso cantar, e nos cantamos. Quando acabou o show a polícia entrou e bateu na gente, agora imagina a situação, a gente subindo a arquibancada buscando sair e a polícia descendo a arquibancada com os cassetetes. Do lado de fora eles queimaram os carros, furaram os pneus dos carros, jogaram ácido nos carros, e haviam os grupos anticomunistas também que apoiavam os militares contra nós.

Você acha que esse quadro pode se repetir, hoje?

Eu acho.

Estamos caminhando pra isso, né?

Sim, porque nós temos uma burguesia extremamente reacionária e egoísta, ela não quer ver o desenvolvimento do país, então… eu lembro uma vez que tive uma discussão com Celso Furtado em que ele dizia o seguinte: é um absurdo dizer que tem desenvolvimento quando é só econômico, quando só os números da economia avançam, porque se não há desenvolvimento social não tem desenvolvimento. Esses índices devem ser acompanhados do ponto de vista do crescimento na área social e o Brasil só experimentou isso na era Lula, então o que nós sempre vimos é o que ele diziam o bolo vai crescer e a gente divide, e o bolo bolo crescia e não se dividia nada. A gente ouvia também dizer, mas o povo não luta; o povo não reage, na verdade o que falta é divulgação, não se publica, muitas ações foram feitas e não foi dada a devida divulgação, assim como é hoje também. Quando a ação é originária da situação há uma farta publicidade, quando vem da esquerda entra uma parte da imprensa comprometida para desfazer a conotação.

Temos por hábito dizer que aquele povo da roça, do interior, não sabe votar e os exemplos que estamos vendo é que esse povo é mais progressista que a nossa elite burguesa, estou falando de uma boa parte da classe média, que em sua grande maioria foram as ruas pedir a saída da Dilma. Você não acha que a nossa classe média está totalmente midiotizada, lembro que no governo Dilma o litro da gasolina custava dois reais e ciquenta, recentemente vimos o movimento dos caminhoneiros para pressionar o governo pela redução no custo do díesel. Ou seja se a grande mídia se posicionar contra,  aí o povo vai para a rua, como você vê esse cenário?

O que acontece, é que o povo que vivia em miséria absoluta, trocava seu voto por dentadura, por um saco de cimento um par de sapatos e tal, e o povo quando ganhava isso votava naquele candidato, por que se sentia na obrigação de pagar o que lhe foi prometido. Com o Bolsa Família e com os programas sociais, essa camada da população parou de depender desse tipo de políticos corruptos e aí perceberam que alguém fez alguma coisa por eles, daí eles aprenderam a distinguir aqueles políticos mercantilistas e corruptos daqueles políticos que produzem políticas públicas voltadas para o social. Eu tenho caminhado muito e conversado com um grande número de famílias de baixa renda e noto que são os mais conscientes, em uma dessas andanças eu cheguei em uma praça de uma localidade bem pobre e passei o dia conversando com as pessoas e elas diziam que se o Lula for não for candidato, elas votam em quem o Lula apoiar. Quando você chega em um espaço de classe média, as pessoas ficam colocando dúvida nisso e naquilo e você nota opiniões totalmente diversas, portanto o sentimento da classe média contra os governos de esquerda é pelo que foi feito pela faixa da população de baixa renda.

Não pelos erros…

Não pelos erros, por exemplo, houve uma revolta muito grande por parte da classe média quando deram os direitos dos empregados domésticos, porque parte deles não conseguem bancar os custos e acham um absurdo, porque sempre acharam que empregados domésticos existiam para servir a casa grande como no tempo da escravidão, tinham que trabalhar de domingo a domingo, não tinham folgas, e era assim que funcionava quase regime de escravidão no século XX. Outra coisa também, é o seguinte, com a ascensão das camadas mais pobres saindo da linha de pobreza, a maior parte da classe média ao invés de achar positivo, por o país estar se desenvolvendo, com as pessoas usufruindo de um crescimento social, eles começaram a achar que estavam se distanciando do topo e se aproximando muito da base da pirâmide social, tipo assim: o governo está me empurrando para a faixa dos pobres, se sentiram diminuídos pela proximidade que a justiça social os colocava. Essa é a revolta da maior parte da classe média, até hoje não aceitam que um trabalhador doméstico ocupe a poltrona de um avião ao lado dele, toda essa ascensão da classe trabalhadora significou rebaixamento para eles. Eles estão pagando mais caro pela gasolina, mas sentem prazer de saber que o pobre está mais pobre, daí eles acham que retomaram o patamar da situação economicamente privilegiada, Amilca Cabral dizia que a classe média só é revolucionária enquanto ela se suicida quanto classe, por que a classe média vive por natureza perseguindo o status da burguesia, é o que lhe dá a falsa sensação de que está se distanciando do povão, e nos governos Lula nunca se sentiram tão próxima do povo quanto da burguesia. Esse sempre foi o problema da Classe Média.

Luís Veríssimo, em vida, dizia que o Brasil tem a classe média mais infame do planeta. Claudio Lembo em entrevista na TV, também questionou isso, afirmando que o problema do Brasil é a nossa classe média que é facilmente manipulada. Como você vê a nossa classe média em comparação a classe média dos países mais desenvolvidos?

Eu acho que o Brasil padece de sua própria formação social, porque a formação do povo brasileiro, originada de um processo extremamente violento. Para ilustrar vamos voltar á época do achamento do brasil, período que antecedeu nossa formação social, aqui habitavam mil e quinhentas tribos, hoje são trezentas, há um extermínio do povo indígena absurdo, isso não é contado na história. A escravidão trouxe para o Brasil uma quantidade enorme de negros e quando se estabeleceu o processo de abolição, esses negros foram jogados a sua própria sorte, a carta áurea, não contemplava nenhum direito social a eles, lhes foram tiradas suas terras, seus pertences, exportaram outra sociedade de imigrantes para substituí-los e eles ficaram sem emprego e continuaram sem dignidade.

Todo mundo festejou o 13 de maio sem se preocupar com o 14 de maio.

Então, assim, como surgiu a classe média brasileira, houve a junção da casta nobre, que integrantes da corte da coroa da elite portuguesa e um segmento da escória que foram deportadas, então assim, eles exportaram o que tinha de ruim e deram a esses uma condição social para viverem entre os ex-escravos e donos de engenhos com novos escravos, note, que a nossa formação já trouxe no seu limbo um processo de má formação, parte da classe média brasileira ela tem uma concepção se ser superior aos mais pobres e uma ilusão de que vai alcançar o patamar da burguesia, e essa tentativa forjou uma sociedade ávida por privilégios, a classe média hoje, visa o privilégio e não a busca por oportunidades, e essa parcela perde muito quando está sob o domínio de um governo popular, que produz políticas públicas para dar oportunidade aos mais pobres, aí essa classe média passa a se achar ameaçada e espantada por que ela passa a concorrer em condições de igualdade com quem antes estava na base da pirâmide social. Eu conheço um caso ocorrido na Cidade de Lauro de Freitas, onde o Filho da Empregada doméstica, através dos programas assistenciais de Lula, o rapaz conseguiu ser aprovado em determinada faculdade concorrendo junto com o filho da patroa, resultado: a filha da patroa não passou no concurso da OAB e o filho da empregada passou, ele é advogado e a filha da patroa não é. É esse o ódio da classe média, então com o Programa de Ciência sem Fronteiras, muitos brasileiros foram estudar na Europa, nos Estados Unidos, se formaram e fizeram especialização, esse modelo de gestão causa pânico é essa a razão para que eles não se sintam solidários com os que estão fora do seu círculo social.

Não se solidarizam nem com o país.

Eles chegam a ter perda financeira, mas preferem perder ao ver o crescimento social da população é algo impressionante. Recentemente estive conversando com alguns amigos empresários, diria médios empresários, onde determinado empresário produzia matéria-prima para confecção de pias, outro fornecia equipamentos para produção de caixas de disjuntores, e  aí começaram a criticar os governos Lula, afirmando que foi um absurdo, depois que falaram muito eu perguntei pra eles: primeiro, vocês ganharam mais dinheiro no governo Lula ou no governo Temer? Ah! no governo Lula. E vocês são contra?  – ah, mais teve mais corrupção… não teve mais corrupção que nos governos militares e nem teve mais corrupção que tem o governo Temer. Vocês são do segmento da construção civil, quantos contratos vocês firmaram com o Programa Minha Casa Minha Vida que o Temer dissolveu e agora vocês estão perdendo dinheiro? portanto, os programas sociais beneficiavam vocês.

– Ah… mais não tem que beneficiar! ou seja, mesmo eles tendo prejuízos eles se sentem mais confortáveis, quando o pobre tá lascado, então é uma classe média egoísta, uma parcela significativa dela. E aí eu acho que o Amílcar Cabral tinha razão, a posição da classe média a induz a subserviência da burguesia, só quem tem que confrontar com a burguesia porque não tem nada a perder são os trabalhadores mesmos, principalmente os mais pobres.

Eu sempre ouvia alguns amigos fazendeiros, outros latifundiários reclamar que com o advento do Bolsa-Família ficou difícil achar trabalhador para arar a terra e ordenhar o gado, mas a diária contratada para esse tipo de serviço não chegava a seis reais. Isso não era trabalho escravo?

Na verdade o Programa Bolsa-Família, libertou o povo dos currais eleitorais, por essa razão o Nordeste tende a votar em candidatos da esquerda e a região Sul nos candidatos anti progressistas, Porque o Nordeste sempre concentrou os números de currais eleitorais e o Bolsa-Família acabou isso, Essa é a diferença da política atual.

Você é candidato a deputado estadual, quais as propostas que você levará para a Assembleia Legislativa, caso seja eleito?

Eu acho que a gente não pode deixar de fazer auto-crítica para poder avançar, e nós fizemos a escolha por mandatos participativos, governos participativos e essa ideia política hoje é muito pouco difundida, é como se por exemplo, eleito, o parlamentar exercesse apenas a figura de parlamentar afastado da sua própria base eleitoral. O que eu entendo é o seguinte o mandato não é do deputado, o mandato é de quem o elegeu. Portanto o deputado deve estar todo o tempo interagindo com seu eleitores e a comunidade por ele representada, ele não pode legislar em nome de ninguém se não houver essa interatividade, na minha visão, o mandato tem que ter conselho, o deputado tem que acompanhar as ações causadas pelo seu desempenho, hoje é muito normal o deputado ao invés de ouvir as demandas de quem o elegeu, mandar um assessor mais próximo fazer o papel designado a ele, é uma transferência de responsabilidade. Você não pode ter um mandato popular se não está disposto a ouvir os anseios da população, esse afastamento leva a desconfiança do povo no político e na política, por exemplo a maioria dos deputados que votaram pela reforma trabalhista, recolocou o brasil no século dezenove no século dezoito em algumas questões, porque não tem nenhum compromisso com a população, se tivessem saberiam que o povo não tolera mais tanta escravidão. Há muitos políticos, hoje, que são vaiados em seus próprios redutos eleitorais, que não conseguem falar, perderam a identidade com seu eleitorado, mas não falo de políticos apenas da direita, uma grande parcela de políticos de esquerda também se afastaram e amargam o mesmo problema. Eu sou um candidato com 51 anos de militância política, e eu me disponho a não ser um mais um deputado, minha meta é assumir o mandato pra continuar sendo um militante, utilizar a assembleia como instrumento de luta do povo. Eu não penso e nem quero me dar bem com todos, pois sei que ali existem inimigos de classe, estaremos lá para fortalecer o debate a favor dos mais pobres, minha posição ideológica é muito clara e o entendimento de que nós não podemos confiar na classe dominante nem mesmo na sombra dela. Desejo e vou fazer um mandato participativo como instrumento da luta do povo, um parlamentar é investido em um mandato para definir leis e políticas públicas, isso não os transforma em autoridade.

Com o advento da Lava Jato, surgiu um consenso da classe média de que o PT está no olho do furacão, praticamente agonizando, como explicar esse cenário quando as pesquisas realizadas até agora dão uma expressiva vantagem a Lula na corrida presidencial?

As últimas pesquisas revelaram o seguinte: Lula tem 38% de intenções de voto e 24 % votam em branco, nulo ou ainda não sabem em quem votar, quase 30%. Quando tiram Lula desse processo, votos brancos, nulos e indecisos, chegam perto de 50%.

E dá Bolsonaro…

Bolsonaro, não passa de 18%, o que acontece é o seguinte: na década de 60 quando teve o golpe que os militares colocaram o MDB e a ARENA, quem transformou o MDB em oposição foi o povo, que votou como oposição, o regime militar foi derrotado em quase todo o país.

Aí criaram a figura dos biônicos.

Criaram os biônicos e fundaram o AI-5, a quinta versão dos Atos Inconstitucionais, porque o povo na calada resolveu votar contra, então, hoje, é a mesma coisa, o povo entendeu o seguinte: Lula está preso porque governou para os mais pobres, então a gente vai votar no Lula ou no candidato dele, as pessoas verbalizam isso, agora verbalizam isso nas comunidades, nos bairros populares, quando você debate o cenário político em espaço da classe média as pessoas acham isso um horror. Então assim o PT saiu de 20% e caiu para 2, 3% em determinado período, hoje está com 20% novamente, então há um entendimento de que tudo isso é uma armação, àquela ocupação do tríplex, deixou transparecer pra todo o Brasil o que era a farsa, porque quando o Moro negou cinco vezes que fosse feita a perícia a pedido da defesa de Lula, constatou-se depois, que muita coisa que constava nos autos de acusação não existia no imóvel, a exemplo de elevadores privativos, que a reforma da cozinha que eles disseram ter custado dois milhões, ninguém conseguiu enxergar algum luxo que justificasse tudo o que foi filmado e fotografado alí, e pior que isso, se descobriu que toda Nota Fiscal que foi emitida e acrescentada aos autos, pertenciam a uma empresa de Curitiba, então, assim, foi uma armação grosseira e em uma reunião do diretório nacional, a Dilma havia colocado isso, que a comunidade internacional está convicta de que todo esse processo tem a única finalidade de manter o Lula preso para não participar e ganhar a eleição presidencial este ano.


“Foi publicado no site Pátria Latina, uma matéria onde seis líderes da comunidade européia pedem a soltura do Lula. Nota-se que o Moro não é convidado para palestras na Europa, ele só recebe convite dos Estados Unidos, que sabemos ser um dos grandes interessados no desmonte econômico do país”.


Como você chegou ao movimento sindical na Bahia?

O que me trouxe para o movimento sindical foi a perda da base social, então junto com outros companheiros decidimos reconstruir essa base, fiz um curso de química e fui trabalhar em uma fábrica.

Aqui no Polo Petroquímico?

Não, ainda em Minas, o município de Contagem, trabalhando, fui perseguido, demitido e fiquei um ano desempregado, através da minha ex-escola eu consegui um emprego em uma fábrica de bebidas, só que nessa época, para ser admitido tinha que mandar o nome pro Dops depois de um ano uma equipe do Dops apareceu na fábrica, que era dirigida por um alemão e disseram pra ele: ou você demite ele agora, ou você vai ser deportado, por que você está acobertando um guerrilheiro. Imagina que saiu e quem ficou? e aí eu fui demitido sem ao menos poder apanhar minhas coisas no armário do laboratório. Daí, eu sentia que não iria mais conseguir quem me empregasse, então a saída que eu via era sair de Minas, tendo duas opções, a Bahia ou São Paulo, que eram regiões que ofereciam empregos em minha área. Como eu tinha passado o carnaval na Bahia e gostado muito, eu fiz a opção de vir para a Bahia, mas não tinha dinheiro, estava desempregado, consegui com meu pai uma quantia que dava para me manter aqui por uma semana, três aliás, e vim pra cá com um contato pois, não conhecia ninguém aqui, aqui chegando me instalei em uma república enquanto isso saia fazendo teste, pondo curriculum em várias empresas do Polo e em tudo quanto era lugar, aí fui procurar esse contato que eu tinha da época da luta clandestina, que era um pernambucano que morava aqui e era geólogo, e quando nos encontramos ele me disse: não você não vai ficar em república nenhuma não, você vai ficar em minha casa, foi quando eu passe a ter melhores condições para procurar emprego, até que consegui passar no teste do Seted e também passei numa entrevista que tinha feito em Jaguarari na empresa Caraíba Metais, aí fui para Jaguarari, no sertão. Eu tinha sido aprovado nos testes mas só seria convocado em julho e minha filha tinha nascido em novembro, como minha primeira mulher era de Pernambuco resolvemos ficar com a família dela até que a Caraíba me chamou para trabalhar, com um mês de trabalho recebi uma casa e pude trazer as duas para morar comigo em Jaguarari, depois fui transferido pra Uauá, onde o prefeito era oposição a ACM, e por isso vivíamos a luz de candeeiro, ACM, não autorizava luz para Uauá, a Coelba nessa época era uma estatal e toda a cidade vivia a luz de óleo, passados oito meses lá eu fui chamado pra trabalhar no Ceped, dois anos depois consegui emprego em uma fábrica do Polo, na Melamina, foi meu ponto de chegada no Sindiquímica, que na época houve uma ação do Sindicato Pátronal que eles criaram uma associação que teoricamente representasse os químicos, mas na verdade era para dividir o sindicato, e aí a categoria não aceitou, só pra ilustrar eu era químico e não podia fazer parte do Sindiquímica, então resolvemos fundar uma associação que inclusive foi uma tese minha que foi aprovada pelo congresso do Sindiquímica e formamos o Pró-Químicos, aí ficou o Sindquímica e Pró químicos, mais tarde resolvemos fundir os dois.

Na sua opinião o que significa a volta de Zé Dirceu a prisão?

A volta de Zé Dirceu a prisão, coincide com a decisão do STF, de por em liberdade o doleiro do PSDB, Paulo Preto, que inclusive disse que não vai mais fazer delação premiada, que incriminaria Alkimin, José Serra e outros. O sistema judiciário brasileiro é extremamente seletivo e partidário. É a justiça de um olho só, cega para as infrações do PSDB E DEM, e usa a espada para o os atos da esquerda, inclusive torce o nariz para as provas e usa as evidências para condenar, é uma coisa absurda o que vem acontecendo, quando não deveria ser assim, porque a Justiça é a última instância, quando o poder judiciário não funciona de forma imparcial, compromete toda a justiça do país, não funciona a democracia, quando a justiça tende para um lado ela divide a sociedade, então esse a divisão de classe, esse ódio começa no judiciário, e essa divisão se apresenta da seguinte forma: para alguns a sensação de impunidade e para outros a sensação de estar sendo perseguido, e aqueles contemplados com o manto da impunidade se acham no direito de fazer o que bem entenderem, que não serão investigados. Por exemplo, o MBL (Movimento Brasil Livre), recebeu dinheiro de todo mundo para plantar inverdades e confundir as pessoas, aí não acontece nada, chega um deputado, como o Bolsonaro que vive dizendo baboseiras, agredindo mulheres, disseminando ideias homofóbicas e passa ao largo da Justiça.

E o próprio Conselho de ética do congresso ignora e esse comportamento antiético parece que também atingiu o STF?

Qual é a ética do Supremo? O que dizer do comportamento da presidente do Supremo que se reúne com o restante da magistratura e determina como eles devem votar, abre agenda para receber o presidente temer , que inclusive está sendo investigado pelo próprio Poder Judiciário, onde ele é réu sobre uma série de denúncias. Eles são fotografados com a cúpula do PSDB, o ministro Gilmar Mendes é figura carimbada nos eventos do PSDB, tanto aqui quanto fora do país em verdadeiras confraternizações, como um magistrado como o próprio Sérgio Mouro, pousa para fotógrafos em eventos promovidos por pessoas processadas pelo Poder Judiciário, a exemplo do Aécio Neves, então podemos afirmar que no Brasil hoje, a justiça é burguesa, isso significa que ela não exerce seu papel constitucional, Essa questão de condenação em segunda instância, é um maior absurdo, porque a Constituição garante que um acusado só pode ser preso depois que todos os recursos forem tramitados em julgado, Minha irmã, foi presa e torturada no final do governo Médici, como eles já planejavam o fim da ditadura ela acabou ficando presa mais tempo do que foi condenada, porque aguardava a anistia, esse tempo que excedeu sua pena, não cabe ressarcimento por parte da justiça. A condenação por si só já havia sido injusta, então, como ressarcir a liberdade de alguém? Por isso o processo deve findar na última instância e não nas instâncias inferiores.

Lula foi condenado em tese de evidências processuais originadas de delação premiada, onde até hoje não foi descoberta nenhuma conta secreta em nome dele e de seus familiares, onde a justiça descartou a investigação para apurar os crimes cometidos por ele durante os seus dois mandatos, por outro lado, as filmagens e gravações de áudios feitas pelos donos da JBS, envolvendo o presidente Temer e o senador Aécio Neves, segundo a justiça foram desconsideradas como provas por não terem sido autorizadas perlo Judiciário. Como entender isso?

Há três fatos que foram introduzidos de forma absolutamente absurda no sistema judiciário brasileiro, primeiro, o acusado falar enquanto estiver preso, sofrendo ameaça e pressão pisicológica, o Moro, inclusive foi  advertido pelo STF, durante processo do Lula, de estar ultrapassando o limite de sua autoridade constitucional; ou seja, abusando do poder de autoridade, para obter acusações, onde o acusado formula denúncias infundadas pelo simples desejo de se livrar da cadeia ou ter sua pena reduzida. Quando o acusado começa a delatar contra a cúpula dos partidos aliados do governo, como DEM ,PSDB E MDB essas delações não são explicitadas na mídia com a mesma intensidade com que é feita no caso de partidos da oposição, é uma posição clara de punir alguns e deliberar para outros, isso não é justiça.

O segundo fato é sobre a impunidade dentro do Poder Judiciário, por exemplo as benesses construídas ao longo dos anos, tais como, concessão de auxílio moradia aos juízes que em sua grande maioria possuem verdadeiras mansões, isso é corrupção, mas ninguém pune, porque a maioria recebe, o Salário do juízes como Sergio Moro ultrapassa cem mil reais quando o teto estipulado no Brasil e de trinta e sete mil, como pode um servidor público investido no cargo de juiz receber proventos que a própria lei não permite? Então nós temos uma justiça podre, que querem nos condenar e absolvem os que de fato são nocivos ao país.

O terceiro ponto, versa sobre o poder de autoridade, não precisa ter provas basta ter a convicção; ou seja, se você tiver qualquer problema com um Juiz, o Juiz tende a ter a convicção de que você está infringindo a lei sob acusação de desacato e que você precisa ser preso, e aí, como é que fica? Você não tem o direito de provar nada.

E como se deu sua aproximação com Wagner, Rui, já que desde aquela época você já acompanhava esse grupo.

Quando eu entrei no Sindiquímica, eu já conhecia algumas pessoas do CEPED, por conta da militância política, eu participei da fundação do PT de minas, fui da primeira direção provisória, vim pra Bahia, quando eu cheguei em Camaçari, onde morei por um tempo, eu ingressei no Diretório do PT de Camaçari, e aí eu conheci alguns companheiros que eram do Sindiquímica, quando eu fui trabalhar na Melamina, e entrei para o sindicato e comecei a atuar junto com Wagner, com Rui, com Moema, com Carlos Martins, enfim. Era interessante porque haviam dois grupos diferentes, só que existia uma relação extremamente leal, a gente disputava no campo sindical mas o lado que ganhava a gente defendia, assim as teses que a gente escrevia antes de ser publicada a gente formava um debate com todos que pensavam diferente, Carlos Martins e Rui fazia uma tese, eu e Almerico fazia outra agente trocava as teses e discutia aquilo, e quando a gente ia para o congresso a gente já sabia o que cada grupo concordava e descordava, uma coisa era certa, o que fosse aprovado, estava aprovado e todos defendiam. Isso fez com que fosse criada uma relação de muita confiança. Em 1985, a gente parou o Polo, foi a primeira greve no mundo que parou um Polo petroquímico, um processo muito difícil, foi vinte e quatro dias de greve, uma greve muito reprimida, muito violenta, e nesse ano a gente unificou o grupo, transformando o sindicato em uma única unidade, isso foi aprofundando nossa confiança para confrontar o patronato e concretizarmos nossa conquistas como trabalhadores, foi um período muito rico, no sentido de aglutinação de forças.

E parte desse grupo ainda detém o poder na Bahia.

Exatamente, fizemos dois governadores.

A sua relação com Gregório Bezerra, com Prestes, como se deu?

Entre os anos de 82 e 83, por aí. Prestes lançou a Carta Aos Comunistas propondo uma discussão da luta política no Brasil, e eu com alguns companheiros nos reunimos e fizemos essa discussão, por que tina grupos que estavam no PT, grupos que estavam no PDT, grupos que estavam em diversos partidos, fazendo essa discussão com Prestes, chegamos a fazer essa discussão com Prestes, Discutimos também com Anita Delcária e eu fui a Pernambuco com dois companheiros pra termos uma discussão com Gregório Bezerra e trouxemos Gregório para estender essa discussão aqui na Bahia, que inclusive aconteceu em minha casa. Gregório Bezerra foi uma das pessoas mais impressionante que eu conheci na vida, com todo sofrimento dele, com tudo que ele passou, Gregório foi tão torturado, chegando ao ponto da mulher do torturador o abandonar. Ele era uma pessoa extremamente coerente, ele só saiu no sequestro do embaixador americano, quando o PCB mandou uma pessoa pedindo que ele se retirasse da ação, por que ela já apresentava problemas de saúde. Então, quando Gregório Bezerra esteve em minha casa em menos de meia hora, minha filha que tinha 3 anos de idade, já estava chamando ele de vovô.

Ele encantava facilmente as pessoas.

Ele tinha noventa e poucos anos de idade e tava se predispondo a formar um novo agrupamento juntamente com Luis Carlos Prestes, é impressionante como pessoas naquela altura da vida com tudo que tinha vivido, ainda se predispunha a recomeçar um Brasil novo, Então foi uma experiência muito marcante. Depois nós trouxemos Prestes para participar do nosso congresso, outro tempo convidamos Gregório Bezerra, Brizola também veio como convidado, tivemos debate com todo esse pessoal.

Brizola era uma figura fantástica.

Leonel Brizola caberia em um estudo que não foi feito ainda, por exemplo, qualquer pessoa que tenha participado de qualquer luta política e que exerça qualquer tipo de militância, ainda hoje, encontra alguém do grupo dos onze, eu tive recentemente em Camaçari conversando com um cara que foi sub secretário na época em que Caetano era prefeito, descobri que ela fez parte do grupo dos onze, foi marinheiro e atuou no grupo dos onze, Em contagem, na época da formação sindical encontramos dois integrantes do grupo dos onze, em diversos lugares a gente esbarrou no que Brizola deixou de organização, fora a questão partidária.

Inclusive naquela questão da interferência política que ele liderou garantido a posse de Jango, quando várias emissoras mostrava Brizola com o microfone na mão e uma metralhadora na outra.

Se estivesse vivo hoje, o cenário no Brasil não seria esse, ele era mais radical, inclusive já criticava a Rede Globo na década de 80, inclusive fez a globo conceder a ele o direito de resposta, tecendo duras críticas a Roberto Marinho. Quando a gente discutia a necessidade de uma mídia de uma televisão que fosse estatal tipo a BBC , o próprio Zé Dirceu achava que a Globo cumpria esse papel, então hoje nós estamos pagando esse preço, veja o que é o poder da mídia.

Quando estava para ser implantada a TeleSur, eu e um grupo de repórteres fomos conversar com o Zé Dirceu, na embaixada de Cuba, e se questionou a ausência de uma mídia comprometida com os anseios populares e ele nos respondeu que a Globo era essa mídia, mas a globo apoiava por conveniência.

E apoiava momentaneamente, quando estava para vencer a concessão, que era de quinze em quinze anos, a Globo se aproximou de Lula até conseguir, depois da renovação ela mudou totalmente sua linha editorial. Tem outro fato interessante nessa passagem, quando Che Guevara foi assassinado a gente militava na VarPalmares e o noticiário sempre matava Che, como forma de desmobilizar a militância, e era tudo Fake, como falamos hoje.

O mesmo aconteceu com Fidel.

E Quando a organização confirmou a morte de Chê, nós reunimos a militância, éramos todos bem jovens e boa parte tinha habilidades artísticas e a gente desenhou aquela foto de Tchê e reproduzimos em cartolina em tecido e passamos a noite produzindo uma farta produção desse grafismo, amarramos com barbante enrolava as pontas em duas pedras e pendurava na fiação elétrica das ruas, e em tudo que era poste com a descrição: Chê vive! Nos trinta anos da morte de Chê, eu fui convidado pelo MST para fazer uma palestra sobre Chê, e aí eu me lembrei disso, o que a gente escreveu era verdade, Chê estava vivo, trinta anos depois a gente estava falando sobre ele,  e ainda continua vivo no imaginário de milhares de pessoas em todo o mundo.

Pra finalizarmos, eu gostaria que você definisse qual momento em sua trajetória durante sua militância onde você se sente parte da construção de um movimento que mudou o pensamento político de milhares de brasileiros?

Olha, é porque a gente não percebe o momento histórico que a gente está vivendo, hoje quando a gente conta a história da ditadura no Brasil, que são mais de vinte anos de ditadura, a gente teve resistência a ditadura, embora os livros não contem muita coisa vivida nesse período obscuro de nossa história, e eu participei desse processo, então eu me sinto parte dessa resistência como me sinto também parte da construção do governo Lula, do governo Wagner, dos primeiros governos petistas onde a gente implantou o orçamento participativo, na verdade a gente figura na história e não percebe. Então quem vai responder isso, é o tempo, porque enquanto eu estiver vivo eu continuarei como protagonista, fazendo, recomeçando, é uma luta da qual eu não me afasto.

Jones, nós sabemos quais são as bandeiras do PT. Você como candidato qual a bandeira que você acha que deve ter mais prioridade?

Hoje, há duas coisas que eu considero fundamentais: uma é organização popular de fato, nós não organizamos a população, isso é uma tarefa que o mandato pode ajudar, organizar o partido, os movimentos sociais, contribuir para democratizar o país e reconquistar melhorias de vida para a população, temos que trabalhar políticas públicas que desenvolvam nossos jovens, basicamente o mandato tem que ser o instrumento desse processo.

No início da sua formação sindical você definiu muito bem a questão de unidade entre os diversos grupos de trabalhadores e o respeito a divergências de ideias, você acha que esse tipo de unidade ainda existe no PT da Bahia?

Ninguém faz o que nós fizemos impunemente sob o ponto de vista partidário, o partido por muitas vezes foi deixado de lado durante o processo de governo, então perdemos um pouco de nossa identidade, que agora temos que reconstruir, o PT foi um processo único no mundo, porque quando acabou a ditadura havia diversos grupos de esquerda sobrevivendo na ilegalidade, tinha os movimentos sindicais surgindo, tinha os movimentos eclesiásticos de base surgindo e todo mundo pensava de um modo, então percebemos que a única maneira de nos edificarmos como partido, a gente transformou isso em tendência, então as tendências do PT foram surgindo porque o PT era muito plural, e a gente passou a seguir o que determinava os congressos, nós perdemos parte dessa riqueza, É uma coisa que Wagner sempre fala, “o que o PT tem de rico é sua divergência interna”, isso é uma experiência de democracia, o PT é um partido do povo e precisamos reaprender a encantar o povo brasileiro.

Você nos contou uma história a respeito do que os seus pais lhe ensinaram, desse aprendizado, o que você pode trazer como legado para sua candidatura?

Meu pai tinha um senso de justiça muito forte e ele acreditava muito no ser humano, meu pai era delegado de polícia e durante o plantão dele a delegacia ficava de portas abertas e o violão dele ficava com os presos, e ele dizia eles estão presos por terem transgredido a lei, mas, eles são seres humanos, meu pai era muito humanista e eu trago comigo essa lição que ele deixou. Minha mãe me deixou lições muito fortes também, e uma dessa lições ela dizia o seguinte, “meu filho, você não é obrigado a prometer nada a ninguém, mas se prometer, você é obrigado a cumprir”. Então só prometa o que você pode cumprir. Outra coisa que ela costumava me dizer é o seguinte, “as pessoas podem não se lembrar o que você disse, mas vão se lembrar de como você tratou as pessoas”. Então trate sempre bem as pessoas, qualquer pessoa merece ser bem tratada, então eu tenho pautado minha vida nessas lições.

Você espera um eleitor mais consciente nessas eleições em 2018?

Eu tenho notado mais consciência nas pessoas, inclusive coloquei isto em uma reunião no diretório nacional, quando eu chego para conversar com as pessoas eu ouço o seguinte: Lula está preso, porque fez por nós, ele não está preso por outra coisa, e esse governo golpista está destruindo a gente, nós queremos nossas conquistas de volta, então voto em lula ou no candidato que Lula apoiar. Aí eu digo para as pessoas o seguinte, a gente tem que lembrar da Revolução Francesa, antes da Revolução Francesa, só os chamados “nobres” tinham lugar no parlamento, com a revolução Francesa os plebeus passaram a ter assento no parlamento, aí ficava á direita os representantes dos Ricos e a esquerda, os representantes dos pobres. Isto é esquerda e isto é direita, eu sou de esquerda e pobre, trabalhador não pode votar em quem representa os ricos. É essa discussão que eu estou fazendo e é impressionante como as pessoa estão entendendo, na verdade eu apenas estou contribuindo para organizar as ideias das pessoas porque as pessoas já trazem esse sentimento. Essas eleições assim como foi lá atrás em sessenta e cinco, sessenta e seis, vai dar uma resposta à Direita brasileira, por isso é que eles tem tanto medo da volta do Lula Presidente. O povo brasileiro vai ser protagonista de sua própria história, Pode até não votar no Lula, mais tenho plena convicção que vai votar no projeto que ele representa.

Entrevista concedida em 18/05/2018

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