Desde o início da pandemia, um outro debate vem se colocando sobre o que seria o “novo normal”. Muitos falaram de distanciamento social, máscaras, valorização do convívio com as pessoas e de como a pandemia promoveria mudanças comportamentais, emocionais e de atitudes perante os problemas de nossa sociedade. Foi o chamado “mundo melhor” pós pandemia.
Com mais de 98 mil pessoas que perderam a vida, com média diária de mais de mil mortos há mais de 30 dias, acho que esqueceram de avisar que nesse “novo normal” iriamos somar as mortes diárias por violência, feminicídio, crimes homofóbicos, mortos por falta de leitos, acidentes de trânsito, mortos por chuva, encostas e outras áreas de riscos, aos mortos por Coronavírus.
Esse “Brasil melhor” onde se abre espaço e se legitima o discurso do ódio, a negação da ciência e que não se abala pelos números de mortos e que os encaram como efeito colateral aceitável, não pode ser, ainda creio eu, o que perfeitamente se adeque a palavra “melhor”.
A verdade é que estamos com 5 meses de pandemia, lutando feito um lutador de peso galo contra um adversário peso pesado: As vezes acertamos alguns golpes, mas estamos longe de vencer a luta, e a cada round se termina com um nocaute de mil mortos e para nosso desespero, nos obrigam a disputar o próximo round.
A cada dia vamos ouvindo falar de flexibilização, de economia, de déficit, demissões, omissões, futebol, campeonato brasileiro, novela, Flamengo, Bahia, Vitoria e… opa, verdade, tem também Coronavírus, faz uma notinha ai de mil mortos… Quem é o novo técnico do Flamengo mesmo?
E assim o assunto vai sumindo, perdendo seu espaço, sua importância e vamos não para o “novo normal”, mas para o velho e pior, ainda mais macabro! Que lastima!
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