A última pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira mostra o presidente com seu melhor índice de aprovação desde o início do mandato. Além disso, demonstrou que para quase metade dos entrevistados, 47%, o presidente não tem culpa pelos mais de 106 mil mortos pela pandemia.
Ora, algumas coisas iniciais podemos tirar da análise dos dados. A primeira é que em relação as pesquisas anteriores, o percentual de pessoas que receberam auxílio entre os entrevistados é maior que na entrevista anterior, fazendo com que, fatalmente quem recebeu auxílio tende a ter uma percepção mais positiva do governo. O segundo dado relevante a se notar é que a pergunta formulada pode dar margem da dupla sensação: alguns podem achar que ele realmente não tem CULPA, já que a mesma pode ser apontada ao próprio Vírus. Talvez a pergunta mais bem elaborada pudesse apresentar um índice menor de negativa.
Feita esta análise, agora vem o que para mim é o cerne do debate: a popularidade do mesmo vem no momento que atingimos 106 mil mortos pelo vírus. Ora, será que todos nós nos tornamos desumanos e estamos alheios a vida humana? Honestamente acho que… mais ou menos!
É isso mesmo. O ser humano é muito complexo para dar uma resposta taxativa. Mas me arrisco a dizer que sim, uma boa parcela está sim alheia e creditam a responsabilidade ao vírus, ou a uma histeria provocada pela mídia ou que as mortes são coisas normais, um efeito colateral e que as pessoas deveriam estar nas ruas trabalhando. Esse grupo, sinceramente, perdeu todo e qualquer conceito de empatia e valorização da vida humana. Vamos dizer que este sempre esteve ali, apoiando o presidente negacionista da realidade e da ciência.
Mas temos também aqueles que são mais necessitados, impactados pela crise e que o auxílio chegou até eles, afinal, a estratégia montada, mesmo que desumana de longas filas e demora de conceder um auxílio emergencial que de emergencial não tem nada, mesmo assim o dinheiro caiu na conta. Santo Bolsonaro!
E aí que entra o problema. Bolsonaro calado e com esses ingredientes todos enumerados só comprovam o que já estava na cara: Bolsonaro não tem uma oposição de verdade! É nítida a incapacidade das forças oposicionistas e democráticas em conseguir demonstrar a responsabilidade do presidente nos mais diversos desmandos de seu governo. Não há discurso capaz de demonstrar que suas atitudes estão afetando nosso dia a dia, causando retrocessos democráticos, causando desemprego, causando desconfiança no mercado financeiro, aversão internacional a nossa política ambiental e, principalmente, causando mortes! Aos montes! Média de 1 mil por dia. Ou alguém acha que uma falta de política nacional de enfrentamento seria capaz de termos picos mais baixos de mortos e menos duradouros que agora?
A verdade é que nessa entoada, com a oposição batendo cabeça e não conseguindo demonstrar os desmandos desse presidente, fatalmente ele será reeleito, já que o brasileiro não é avido a grandes mudanças e está, cada dia mais, pensando em seu bolso do que em coisas que antes eram prioritárias: saúde, educação, segurança.
Bolsonaro encontrou o caminho: deixou de ser oposição a si mesmo e se calou, negociou com o centrão e partiu para uma política populista, mesmo que ele tenha proposto só R$ 200 reais de auxílio e o congresso tenha aumentado, é ele quem colhe os frutos disso e a oposição fica aí, gritando de forma difusa, sem demonstrar um novo caminho e um novo projeto para o país, na esperança errônea que ele sangrará até lá. Ledo engano. Nessa história, ao contrário do filme, o piloto não sumiu, o Boeing Brasil cairá com o piloto a bordo, talkey?!
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