“Luta por Justiça” e o racismo institucional

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Os EUA, país considerado por muitos como o modelo democrático do “Novo Mundo”, visto como sinônimo de liberdade e oportunidades é o mesmo que condena à pena de morte um inocente a cada nove sentenciados. Esse foi o caso de Walter McMillian, conhecido como Johnny D, preso e condenado injustamente pelo assassinato brutal de uma garota de 18 anos no estado do Alabama, em 1987.

É nesse contexto real que o filme “Luta por Justiça” se desenvolve. Durante anos no corredor da morte, o caso de Johnny D. começa a ser analisado por Bryan Stevenson (Jordan), um jovem advogado negro, recém-formado em Harvard, que quer assistir àqueles que não tem condições de acessar ao Judiciário. É com esse propósito que Stevenson se une à Eva Ansley (Brie Larson) para a fundação da “Equal Justice Initiative”, organização que existe até os tempos atuais.

“Luta por Justiça”, apresenta um quadro tão atual, mas, tão atual, que fará com que você não só se lembre de Luther King, Malcom X, George Floyd, como também dos meninos da Candelária, de Amarildo, Marielle Franco, Marcus Vinícius, João Pedro, Gabriel e tantos outros incontáveis mártires negros na história da humanidade. As histórias são convergentes, seja no contexto da luta pelos direitos civis, dos movimentos sociais, seja no cotidiano da periferia. Não há como sair da experiência desse filme, ileso, isento. Ele envolve, choca, provoca e faz refletirmos que em uma sociedade racista, como a que vivemos, nossa única opção é ser antirracista!

Em suma, o filme é simplesmente de tirar o fôlego. Mesmo porque a luta por justiça é, realmente extenuante, ao tempo em que é libertadora. O filme tem o condão não só de retratar a trágica história de McMillian, que é também a história de muitos pretos pelo mundo afora, como também de fazer uma impecável “fotografia” do racismo, conservadorismo e classismo dominantes na sociedade norte-americana. A obra evidencia como tais valores assolam o sistema de justiça através dos seus agentes (aqui no sentido lato da palavra), assim como, o sistema prisional, representação fiel de um aparato punitivo extremamente segregador.

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*Yasminn Santana é advogada, graduada em Direito (UESB), pós-graduanda em Direito Processual Penal e Direito Penal e pós-graduanda em Direito Processual Civil. Yasminn escreve artigos periodicamente para o Caderno de Notícias.

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