Estamos na semana decisiva das eleições desse ano já que no próximo dia 15 ocorrerá as eleições municipais em todo o país.
Em Salvador, foram apresentadas nove candidaturas, em um nível de postulantes bastante elevado. Mas, o que era para ser uma oportunidade de conhecer inúmeros projetos e visões de cidade, acabou se configurando em uma campanha pouco empolgante, onde até mesmo quem aparece nas pesquisas em primeiro lugar, assim o está mais por um sentimento de contentamento com o que aí está do que propriamente dito um encantamento com o projeto de futuro de cidade.
E esta falta de empolgação do eleitor, dentre o já conhecido desgaste que a política vem tendo perante a sociedade, deve-se muito a questão da pandemia, já que a mesma não permitiu que a cidade respirasse ou reproduzisse modelos de campanhas anteriores, onde víamos grandes caminhadas, reuniões, debates e eventos eleitorais. Falando em debate, está aí um dos maiores problemas nesse primeiro turno: a falta de debate.
Com a desculpa da pandemia, redes cancelaram os debates previstos, encurtando a possibilidade do eleitor de se deparar com o confronto de ideias e projetos, podendo assim, fazer uma escolha mais consciente daquele ou daquela que irá comandar a cidade pelos próximos quatro anos.
Numa cidade que fica estampada a cada esquina que se olha as suas desigualdades sociais e econômicas, não é possível que numa eleição com tantos postulantes o sentimento na cidade seja quase plebiscitário: o grupo que está no comando deve ficar ou não?
Acredito que a cidade do Salvador necessita de um debate profundo sobre temas caros ao dia a dia de nossos cidadãos: transporte público deficitário, onde pessoas encaram diariamente ônibus cheios, linhas irracionais em seus itinerários, demoras absurdas em pontos de ônibus sem a mínima condições de uso; postos de saúde bonitos por fora, mas que ainda estão aquém de prestar o serviço essencial ao cidadão, que custa a conseguir marcar exames e consultas; bairros sem infraestrutura adequadas, que vão desde passeios recuperados, ciclofaixas, serviços públicos de qualidade até o mais essencial: creches para as mães que necessitam trabalhar deixarem seus filhos, e oportunidade de empregos, com políticas públicas direcionadas para a criação de emprego e renda, numa economia voltada para o desenvolvimento sustentável e criativo.
Não estou aqui, querendo dizer que a cidade nos últimos 8 anos não melhorou. Melhorou e muito! Mas essa melhora, física e estrutural, muito importante não deveria estar no debate, até por que, acredito eu, aqueles principais candidatos que por ventura vierem a ser eleito ou eleita, nesse tocante continuará muitas dessas obras, com uma ou outra modificação ou prioridade.
O que trato aqui é que Salvador merece que seus problemas sejam debatidos de forma real, honesta, por aqueles que pretendem a governar pelos próximos anos. E nesse debate surgirem novais ideias, confluências de pensamentos e, quem sabe, alguma convergência em se conceber projetos estratégicos de desenvolvimento da cidade que reduza suas desigualdades, independente daquele ou daquela que ganhe a eleição.
Por isso, defendo que Salvador precisa e necessita do segundo turno. O eleitor precisa dar o recado a todos os postulantes e para aqueles que não permitiram acontecer: Queremos debate! Queremos soluções para os nossos problemas reais. Queremos igualdade de oportunidade entre os candidatos. Queremos conhece-los!
Que nesta semana, consigamos tirar o clima plebiscitário da cidade e que a mesma desperte, para a necessidade de um segundo turno, saudável para a democracia e para os rumos da cidade, afinal o que está em jogo não é o passado, mas o nosso futuro quanto cidade!
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