Hoje, 29 de abril, chegaremos provavelmente aos 400 mil óbitos pela COVID-19.
Lembro bem que em alguns artigos atrás projetava muitas perdas, mas confesso que falava em 500 mil mortes como um teto longe de ser atingindo. Hoje, ele está logo ali, visto no horizonte.
Temos o triste quadro de 3 mil ou 4 mil mortes por dia e a tragédia foi se naturalizando de uma forma tão surreal que me faz sempre refletir: “onde foi que erramos?”, “em que momento perdemos a capacidade quanto nação de se indignar?” ou, penso, “onde está a culpa de cada um para que chegássemos a esse ponto?”. Eis minhas indagações mais inquietantes no momento.
Estamos a mais de um ano falando e ouvindo sobre uso de mascaras, sair somente quando for estritamente necessário, distanciamento social, fim de festas e encontros com aglomeração e muitas outras coisas mais. Assistimos a comércios fechando, escolas, parques e shoppings. E vimos hospitais serem abertos, respiradores sendo comprados, campanha maciça na TV e, mesmo assim, chegamos a números alarmantes dessa tragédia que assola nosso país.
Ora, com tantas medidas anunciadas como chegamos a isso? Será mesmo que cada um de nós só saiu quando foi estritamente necessário? Será mesmo que sempre usamos mascaras? Será mesmo que aquele aniversário do familiar que tinha “somente” 10 pessoas não tinha ninguém infectado assintomático? Será que mesmo de máscaras ao insistir em abraçar quem encontrávamos não estávamos ajudando a propagar o vírus? Afinal, usar máscara sem distanciamento faz dela apenas um acessório de beleza. Aqui falei de nossas ações ativas.
E nossa responsabilidade passiva? Já pensamos nisso? Quando vemos aglomerações e não denunciamos? Ou quando replicamos ou não combatemos os discursos que visam a desinformação, será que não contribuímos para que a doença se espalhasse mais facilmente?
E quando nossos amigos e familiares dão festas e decidimos “ir lá rapidinho”, ficar distante, usar sempre álcool, não estamos reforçando condutas que podem gerar uma contaminação?
A verdade nua e crua é que todos nós temos sim responsabilidade com a atual situação. Seja ativamente ou passivamente. E muitas vezes, todos nós, cometemos ambas. Sem contar aqui, por que acho que é chover no molhado, nas responsabilidades quanto as ações e/ou falta destas do Governo Federal e do senhor Presidente da República. Nossa passividade em assistir os desatinos do mesmo e nada fazer ou só reagir por meio de “notas de imprensa”, pode ter certeza, ajudou e muito a chegarmos aqui. Falta de vacinas, demora de compra, aglomeração, kit covid, etc, etc… Não irei me alongar mais, afinal nossa consciência sabe. Não sabe?
O que penso é que responder todas essas indagações é muito importante. Não. Realmente não trará vidas de volta, você deve ter pensado, mas ao menos deixará o horizonte que está logo ali de 500 mil mortes, ao menos um pouco mais distante, já que é inevitável que ele chegue. Por fim deixo a última indagação: E então, vamos deixar chegar rápido nos 500 mil mortos e passar para 600 mil ou vamos agir para chegar devagar e, quem sabe, disso nem passar? Responda e aja!
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