Alguém que se afasta da política não está menos vulnerável às consequências negativas desta em nossas vidas. A política está em tudo, não só nas nossas escolhas de candidatos nas eleições. Negociações corriqueiras são parte da política de nosso dia a dia. A maneira como se enxerga o outro também mostra um posicionamento.
Política é negociação, empatia, pressão, estratégia, paciência, pragmatismo, tolerância e ação. A alcunha “político” não deveria assumir caráter pejorativo. Política também é saber que, embora a lei te garanta o direito de fazer uma obra no seu apartamento durante o dia, em dia de semana, a sua ação irá gerar uma consequência negativa aos seus vizinhos, que trabalham em casa no período da pandemia de Covid-19. Política também é negociar necessidades adiáveis em prol do bem comum: postergar reformas barulhentas para depois da fase do isolamento social, quando a vizinhança estará fora de casa durante as manhãs e tardes, é fazer política em benefício da sociedade, ainda que em um microcosmo.
Política é negociar que programa fazer com os amigos ou com a namorada: cinema ou praia? Quem propusesse o cinema poderia deixar que a outra pessoa escolhesse o filme. Não se pode ter tudo. Assim como a aprovação de um Projeto de Lei deve ser discutida e alterações no texto original podem ser feitas.
Uma democracia sadia elege representantes que não ameacem pessoas e outros poderes. Um presidente da República que incentiva seus seguidores a desmoralizar o judiciário, o legislativo, a imprensa e os chefes do executivo dos estados e municípios, apesar de ser alçado ao cargo através de um ritual democrático, deveria cair em descrédito por ameaçar conquistas populares. Muita gente morreu e ainda morre para proteger os livres direitos de expressão, de ser informado com isenção, de investigação imparcial, de julgamento justo, etc.
Não há combate à corrupção sem instituições fortes e sem poderes bem distribuídos. Tão importante quanto, não há política sem enxergar o outro.
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