Grupos feministas pressionam senadores contra projeto que quer proibir aborto em caso de estupro

Projeto do senador Eduardo Girão propõe auxílio financeiro para mulher manter a gravidez e tem sido chamado de “bolsa estupro”

Antes previsto para ser votado nesta semana, o projeto de lei 5435/2020, de autoria do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), é alvo de inúmeros protestos de grupos feministas, como o CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) e a deFEMde (Rede Feminista de Juristas).

Com a proposta de retirar direitos adquiridos das mulheres de abortar legalmente quando a gestação é resultado de estupro, quando coloca em risco a vida da mulher e quando o feto é anencéfalo, o PL do senador tem sido chamado de “bolsa estupro” pelo fato de que uma das maneiras de incentivo para as mulheres não abortarem é o pagamento de um auxílio financeiro. A proposta, no entanto, não especifica quanto seria pago para a mulher.

Entrevistada pela seção Universa, do site UOL, a advogada especialista em direitos da mulher, Isabela Del Monde, alega que o Estado já falha em não prestar apoio financeiro, jurídico e psicológico para as vítimas de estupro e que a decisão da mulher em interromper a gravidez não tem a ver apenas com falta de recursos financeiros. “É como se esse PL dissesse que o grande problema da gravidez advinda de estupro é o dinheiro gasto da criação da criança, mas não há dinheiro que pague esse trauma”, disse Isabela Del Monde.

Em pesquisa realizada no final do ano passado, 82% dos brasileiros disseram que concordam que o aborto seja permitido em caso de estupro. Diversas organizações defendem a legalização do aborto no Brasil, inclusive algumas ligadas a pessoas católicas, apesar de que algumas das pessoas religiosas se opõem à interrupção da gravidez mesmo em casos de estupro, a exemplo do protesto feito na porta de um hospital em Pernambuco contra uma menina de 10 anos vítima de um estupro cometido pelo tio. Também no final do ano passado, a Argentina legalizou o aborto até a 14ª semana de gestação incondicionalmente.

Siga o CN no Insta | Face | Twitter e YouTube.

Carregar mais em Política

Vejam também

Téo Senna critica Embasa por deixar escola em São Marcos há 15 dias sem aula por falta de água

O vereador Téo Senna (PSDB) criticou, na última segunda-feira (29), a Empresa Baiana de Ág…