Com a pandemia, um novo hábito se instalou no nosso dia a dia: o uso de máscaras para nos proteger e reduzir a chance de contaminação pelo novo Coronavírus.
Peça importante no vestuário hoje em dia, vários modelos foram desenvolvidos, adaptados, para que não se perdesse o glamour das vestimentas e continuássemos “descolados”, mesmo que a peça nos imponha não mais ver o sorriso do outro.
Tal situação nos fez experimentar algo muito interessante; passamos a prestar atenção nas janelas de nossas almas: os olhos. Nunca as expressões que eles revelam estiveram tão evidenciadas.
Mas um dia a pandemia haverá de acabar, e as máscaras irão embora. Mas aí fica a pergunta: e as máscaras que muitos em nossa sociedade já usavam? Que máscaras?! Vai dizer que nossa sociedade não era composta de máscaras? Comportamentos dissimulados, invejosos, traições de amizades, fofocas, falta de empatia e solidariedade e as piores de todas: as máscaras do descaso e da displicência?
A verdade é que nossa sociedade há muito vem padecendo da perda de empatia, tão expressamente expostas quando ainda somos um país que não distribui renda e com isso temos milhões em nível de pobreza e nada é feito. Quantos anos falamos que o Brasil é o país do futuro, mas nunca vemos a educação ser prioridade de governos e nada fazemos sobre isso? Ou assistíamos, ano após ano o aumento da violência, balas perdidas, mortes, mas no máximo víamos umas manifestações, principalmente em bairros nobres, porque na periferia morrem vários diariamente e não vemos nem manchete nos jornais. Ou ainda quando falamos da violência contra as mulheres que aumenta a cada dia, violência contra a população LGBTQIA+ e nada fazemos? Fingimos que não é conosco? Colocamos uma máscara que cobre também os nossos olhos? Como disse, descaso e displicência?
A verdade é que a pandemia nos tirou as máscaras que antes cobria também nossos olhos e nos obrigou a enxergar o quanto estávamos errados da pior forma: Não nos compadecemos mais por termos 139 mil mortos e queremos sim a volta das torcidas nos estádios, ônibus lotados, reabertura de comércios e a volta às aulas.
Torço para que, com os nossos olhos abertos pela pandemia, quando a mesma for embora, nos leve as máscaras que cobriam todo nosso rosto, revelando aos nossos olhos a realidade: precisamos, mais do que tudo, voltar a nos importar com os rumos do nosso país, combater as desigualdades, o preconceito e nos desenvolver como nação de bem estar social, porque se não for para ser assim, honestamente, continuaremos a pensar em empregos, sobrevivência das empresas e torcida de futebol, afinal a economia não pode parar, mas vidas sim e para sempre, não é mesmo?
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